Um pensar diferente

Amanhecia naquela cidadezinha incomum, o tinido da chuva nas telhas orquestrava sons perturbadores e agradáveis, aquilo infiltrava na cabeça do garoto que repousado sobre sua beliche, acordara ou quem sabe nem dormira.

Uma manhã tirante ao cinza, com uma sensação térmica pouco agradável, fazia o corpo e a alma estremecer, quando o vento ignóbil adentrava a janela, enrolado em um apinhado de cobertas, o jovem olhava pela ventana, um céu acinzentado, e nesse momento prostrado em sua cama, como se estivesse amarrado sobre ela, virou para a cabeceira e olhando para o relógio arcaico que não parava de girar, às vezes eram 7:00h da matina, e outras, às 23:00h, desviou seu olhar e fitando agora o teto, um turbilhão de pensamentos começaram a navegar em sua estranha mente, os pontos que descascavam, as rachaduras no teto, coisas sem sentidos, sentimentos abstrusos. Alguns minutos correram até que o menino tomara coragem para se levantar.

Caminhou alguns metros e pela frenestra, assistia o cair da chuva que se assemelhavam a canivetes, pensou além das montanhas que estavam à frente, mais uma vez ficara estagnado, naquele transe que todo nascer do dia acontecia...

Com os olhos arregalados, fixos no nada, acima das nuvens cinza-escuro, um imaginar que o levara à deriva, naufragado, às vezes o jovem altista conseguia interagir com as pessoas que provavelmente existiam ao seu redor, ou talvez aquilo também fosse fruto do seu imaginar...

Felippe Lacerda
Enviado por Felippe Lacerda em 05/02/2018
Reeditado em 06/02/2018
Código do texto: T6245724
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