VELHA, SAUDOSA CANÇÃO...

1---Classificados imoiliários (aluguel e/ou venda)... Migrantes. seja do Brasil ou do exterior, indo morar no Rio de Janeiro, querem /explicações em hábitos culturais/...

gaúchos, churrasqueira --- mineiros e nordestinos, quarto para hóspedes pois são bons anfitriões --- japoneses, banheira ou ofurô, nada onde apareça o número 4 (ojeriza porque na cultura deles remete à morte) --- chineses, mesa de pingue-pongue, quadra de basquete e privacidade --- norte-americanos, imóveis espaçosos --- franceses e italianos, imóveis novos com segurança e varanda de onde avistem o mar --- outros europaus, bairros onde possam fazer tudo a pé, proximidades a serviços ou fácil acesso a serviço público...

Li, encuquei: "E o brasileiro em geral, além dos citados? E o carioca em particular?" Perguntas irrespondíveis.

À noite, em dueto, brincadeira ao violão. Tocador mineiro, turistaa, minha AMIGA, anfitriã, cantora desastrosa e desafinada (outros -des?) - EU de bico fechado, para não humilhar ninguém.........

"........Meu barraco no morro do Salgueiro / tinha o cantar alegre de um viveiro (...) Nossas roupas comuns dependuradas / na corda, qual bandeiras agitadas (...) nos morros mal vestidos / é sempre feriado nacional. / A porta do barraco era sem trinco / e a lua furando o nosso zinco / salpicava de estrelas o nosso chão...

(Pausa na valsa-canção.) O nosso poeta pernambucano MANUEL BANDEIRA publicou no Jornal do Brasil em 1956 - "O mais belo verso da nossa língua: Tu, tu pisavas nos astros distraída.........")

(Continuou a música.) Tu, tu pisavas nos astros distraída / sem saber que a ventura desta vida / é a cabrocha, o luar e o violão..."

Aplausos.

2---Mais de 50 anos da morte do jornalista e compositor ORESTES BARBOSA (1893/1966). Menino de rua que aprendeu a ler nas calçadas em manchetes de jornais, papagaios gazeteiros no ar, brincadeira de editar jornaizinhos; mais tarde (quem diria se soubesse adivinhar o futuro?), reporter de polícia e cronista da cidade... Demoraram um pouco as canções, feiticeiras e pungentes nas bocas de CHICO ALES e SÍLVIO CALDAS. ----- Conhecido o elogio de MANUEL BANDEIRA: "Se se fizesse aqui um concurso. como fizeram na França, para apurar qual o verso mais bonito da nossa língua, talvez EU votasse naquele de ORESTES em que ele diz: "Tu pisavas nos astros distraída..." O elogio veio, em tom confessional, de RUBEM BRAGA, em 1966: "O primeiro cronista que me influenciou de fato, e me deu vontade de escrever crônicas, foi ORESTES BARBOSA." ----- RUBEM começou a colaborar em jornais em 1928 e pode ter lido ORESTES ainda nos anos 20, quando, na esteira de JOÃO DO RIO e LIMA BARRETO, se tornou nosso principal cronista - deixou-se encantar po "Samba", de 1933, livro ágil e original (há vestígios de ORESTES em RUBEM). ----- Em certa época, ORESTES andava sumido das mesas boêmias. "Onde andará...?" MANUEL BANDEIRA leu a interrogação e o viu risonho na varanda da casa na ilha de Paquetá e sentiu "saudades de seu passo de baliza, roupas brancas impecáveis, olhos claros de águas marinhas... dos bons tempos do Nice (café-bar, primeira metade do século XX, Rio de Janeiro, ponto de reunião de artistas e intelectuais) e do Suíço" Em seus momentos finais, delirava, suspendia as pontas do pijama e imaginava ler um jornal, sonho de menino.

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LEIAM meu conto "Sarau rima com bacalhau e Nicolau".

NOTA DO AUTOR:

"Chão de estrelas" - autores Orestes Barbosa e Silvio Caldas - 1935/1937.

FONTES

"Morar bem - Eles não querem só um teto" --- "Minha vida é um palco iluminado" - Rio, jornal O GLOBO, 16/11/14 e 31/7/16.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 30/03/2018
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