Direitos Iguais?!...

Dona Risete ao meio dia e meia seguia para o seu trabalho no ônibus Brasil Novo, igualzinho como nos resto dos outros Brasis. O ônibus lotado, sujo, quente, com poltronas duras e danificadas, com motoristas agressivos, e estressados. Cobradores mal educados passando troco como se fosse um favor. Não obstante a esse quadro os passageiros assentados do lado, põem os fones do celular e ficam invisíveis em suas ilhas solitárias. Idosos, gravidas ou pessoas carregando peso que se danem. Parecem que todos são marcianos de vários planetas, parece que todos são inimigos na mesma miséria.

Porquanto, a senhora Risete, com o seu filho conseguiu assentar-se, porem meia hora depois sobe na lotação uma moça com aquele enorme barrigão, com aquela voz de vida que se exibe e se agiganta aos olhos como a primeira flor num jardim. Deixando a mulher cansada, mas orgulhosa do filho que deita e rola naquela invenção da natureza, chamada obra divina. E se põe agarrada a uma das cadeiras ocupada por senhores, rapazes e senhoras, que vendo a moça num estado interessante sequer esboçam reação para oferecer o seu lugar para moça descansar.

Sem titubear, abraçada aos valores familiar e a boa educação a senhora Risete levanta com o seu filho, que estava sentado em seu colo e oferece o seu lugar. A moça, agradece como se fosse um milagre. E a viagem segue sem ninguém se manifestar.

Risete com o seu filho e outros passageiros iam e vinham, não paravam de balançar, como uma onda nas pedras, com as freadas do alucinado motorista.

Quase uma hora depois a moça percebendo a chegada do seu destino levantou-se e agradecida, reofereceu o seu lugar a Risete, que assentou-se novamente e seguiu na viagem.

Mais adiante, o ônibus parou a uma senhora idosa, que subia com compras. Como a percorrer com os olhos os assentos reservados aos idosos preenchidos por pessoas mais novas, ela sem falar nada, reservou-se a omissão e a ficar ali em pé, segura na haste de sustentação do ônibus aproximando dos pés as compras para não se afastarem.

Mais uma vez Risete levantou-se e ofereceu o seu lugar.

A doce senhora de imediato agradeceu a gentileza e assentou-se, como se fosse um alivio para os seus suplícios.

Depois de tantos solavancos, empurra, empurra, Risete e seu filho, enfim, descem do ônibus e quando ela pensava em reforçar ao filho a sua atitude para que ele sempre fizesse igual. Um homem mais moço, que estava assentado também no ônibus e presenciou as duas situações disse-lhe:

- A senhora é muito besta.

-Por que? Falou a moça.

- Ora por que. A senhora ainda tá nessa. Isso é coisa do passado. Agora minha senhora é a época de direitos iguais. E dane-se essas velhas que não tem o que fazer na rua.