Havia um Sol alí Logo Depois Daquele Telhado.

Muito bêbado! Bom escrever bêbado! Algo terapêutico! Preciso comer uma senhora no passeio público. Prometo que não botarei mostarda no molho!

Escrever bêbado é como bater uma longa punheta e não gozar!

Hoje completam 23 anos que penso na vida e na morte todos os dias quando acordo. Faz parte do café da manhar levantar e sair para o mundo ciente que aquele pode ser seu último dia. Isso traz a alergia de que nada é perfeito e pra sempre. Saber que se pode morrer a qualquer momento faz a vida ter mais valor. Por isso vou beber um pouco e ouvir Sex Pistols. Depois não sei de mais nada. Vou lá no bar da Roxa buscar umas cervejas e mandar ver. Ah, tem também uns bifes temperados no congelador. E, para completar, estou com a melhor companhia possível, eu mesmo. Adoro solilóquios!

Hoje também minha garota foi prestar um exame. Espero que tudo dê certo, que ela não fique nervosa, roa unhas e fume quarenta cigarros antes da prova! Espero que sua cabeça quente se amaine ao menos nesse momento decisivo em sua vida, uma mudança de rumos para melhor!

Estou com essa garota há uns dois anos e estamos nos dando bem, apesar das pancadarias e brigas épicas que já tivemos por aí. Ela bebe bem! Eu também! Força, garota! Envio-te através dos ventos e raios solares todas as energias vibratórias possíveis! Espero que seja aprovada. Mas se não for, existem outras oportunidades! Vai lá e mostra de que metal você é constituída, minha flor!

Sempre reencontro o sol logo depois daquele telhado e daquela goiabeira. É o mesmo sol pendurado no céu azul e manchado por pouquíssimas nuvens. Desde meus dez anos costumava sair por aí voando sobre os telhados das casas da vizinhança para comer goiabas e reverenciar o deus sol.

Outro dia um desses poetas anárquicos que se encontra na rua Augusta um dia me disse. Era tarde da noite e ele completamente alienado por algo ou algumas substância:

"Vá até o fim da rua, vire à direita e embarque na estação Trianon-Masp!"...

Nunca me esqueci desse dia e desse aconselhamento que naquele momento salvou meu couro de algumas putas assassinas que me perseguiam há horas por aquelas bandas. Como quatro delas e saí sem pagar! Havia esquecido a carteira e elas acharam que eu estava mentindo, sendo que na verdade estava exausto!

Quando os dedos criam vida e cérebro pensante...

Quando o cérebro se transforma numa jaca pensante...

Quando o instante é o agora e não adianta ir adiante...

Meu amigo, tome seu último gole e vá para onde te enviarem...

Com certeza sua couraça putrefata será enterrada por aqui!

Mas jamais se esqueça das gaitas de Dylan naquelas tardes de outono...

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 08/04/2018
Reeditado em 08/04/2018
Código do texto: T6302998
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