BRUCUTUS E OGROS NA COZINHA-FINAL

Dessa vez, nem nutricionista bonitinha nem palestrante nissei, bonitinha também. Nítido ogro com enorme avental e touca verdes; ao lado, um brucutu figurativo, barbudo, girando em coreografia enorme colher de pau num caldeirão de madeira. Reagir como?! Sou repetidor de palestras – representante da empresa no sindicato. Peguei prancheta e papel sem pauta, fui anotando... ----- Que não existe uma única dieta

para todo mundo, EU já observara. Piada velha é “o gordo zero antecede

o magro um... e estão casados há milênios... filhinhos geralmente gordos,

em 0100 ou 01000”. O que é bom para mim, talvez não o seja para meu

diretor ou o carteiro. De qualquer modo, evitar excesso de gorduras e

açucares em geral, que esse às vezes se apresenta discretamente embutido

na composição até mesmo de molho de tomate ou pão de forma ou

rapidamente pulverizado para dourar frango assando na panela. Ideal

seria saber contar calorias, visto que um biscoito (um monte não nutre

e só faz engordar) e mini dose de guacamole (gordura boa, a do abacate)

têm ambos 100 calorias. E o que dizer de quem devora de uma só vez

a caixa inteira do sorvete? “Ansiedade da solidão justifica...” – argumentou

do meu lado um sujeito bem magrela. ----- Anotei melhores compras:

frutas (sugestão de maçã-pêra assadas no micro-ondas com casca por

um minuto), legumes, frango, arroz integral, azeite extra-virgem, óleo

de soja, açúcar mascavo, manteiga (uso moderado), pão bisnaga, integral

(fibras) ou de queijo, biscoito de maisena, leite semi desnatado, água

mineral, queijo cottage, iogurte natural, milho de pipoca... Ogro

recomendou aprender a fazer bolo caseiro. ----- Anotei o “evitável”

(meu neologismo): arroz branco, carne congelada, hambúrguer,

empanados, embutidos em geral, gorduras animais e vegetais,

açúcar refinado, leite desnatado, suco de caixa (muitos corantes,

emulsificantes e açúcar), refrigerante, pão de forma, bolo industrializado, salgadinhos diversos... ----- À saída, encontrei

um amigo judeu que convidou para uma festa onde só haverá

comida kosher – banquei que entendi... – “...que segue preceitos da comida judaica. Tem o fiscal da sinagoga , o masghia, só ele pode acender o fogo, quebrar os ovos e escolher os ingredientes. A Madonna só come kosher, você sabia?” Anotei a data. Ao início da tarde. No estacionamento, encontre um amigo mineiro que agora trabalha num restaurante japonês, “...pratos quentes deliciosos” – disse ele. Por gestos, aprendeu segredos de gastronomia com a proprietária que fala pouquíssimas palavras em português. Convidou para uma festa. Anotei a mesma data. Horário do almoço. Na estrada, cruzei com o carro de um amigo ‘palestrino’ do bairro do “Bixiga” (só fala assim), proprietário de uma cantina, toalha axadrezada em vermelho e branco... acelerei. -----

Foi-se a minha dieta “saudável” (?)... agora versátil em gastronomia internacional! -------------------------------------------------- FONTES:

“Fogão sem fronteiras” – “Quatro erros alimentares que sabotam sua saúde” – Jornal O GLOBO, Rio, 31/8/08 e 17/5/14 // “Por um carrinho mais saudável” – Jornal EXTRA, Rio, 18/5/14. F I M

FIM

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 15/04/2018
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