Insular

H.S. acordou. Todos os verdes matos ao redor. O vento e as flores batiam nas pálpebras. Não sabíamos onde ele estava. Saberemos que o desespero é apenas o detalhe das forças dos sentimentos. E H. foi enforcado pelo desespero da ilha. Talvez o sono nas mais profundas florestas o transformara.

No almoço, a solidão o fornecia a tristeza cotidiana. Caminhou entre as árvores da ilha. Ouvia o mar nas distâncias do seu arquipélago. Saliento que nem sempre as pessoas se alimentam . H. estava em jejum, um sem comer das coisas da vida. A ilha o deixava faminto. Lugar insólito. Sobreviver aqui será difícil. " Às vezes acho que esse almoço é para mim a suficiência do momento"

H.S. não suspeitou .A noite era um mero detalhe. Ficaremos observando o que haverá de novo.Cairemos na sinfonia da ilha, sons das mais belas cordas vocais, os ares transmitem novas vozes de além ilha. Os ruídos não eram estranhos a ele. Essa ilha já foi familiar. Mas como chegou ali? Como dormiu ao relento e tinha algo para o almoço? Alguma falha do roteiro do conto, ou simplesmente...uma ilha.

No segundo dia, H.S. não acordou mais. Acho que foi encontrado em sua casa. Velho imóvel. Tão velho e retraído como a mente do H. Um apêndice de si mesmo, sim, nossos lares, às vezes, não são tão doces. Assim dizia o bilhete na geladeira.Se não são doces, pelo menos ficaremos livres do diabetes. Nem toda insulina poderia tirar a glicose de emoções do nosso amigo H.

A família o enterrou entre os matos verdes de duas covas. Ele não sobreviveu em sua própria ilha. Os barcos fornecidos pelos médicos não foram suficientes. As conversas dos psicólogos não brotaram na terra. A única coisa que brotou foi o crédito nas contas bancárias. Obviamente, não foi a conta do H. As pessoas eram apenas a forca aumentando. Finalizando. Complicando a mente com os nós.

Insular para todos, H.S. se tornou subterrâneo.

Fabio Garcia
Enviado por Fabio Garcia em 23/04/2018
Reeditado em 23/06/2020
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