MADRINHA DE FORMATURA (caso verdade)

Rio de Janeiro, final da década de 50 - ouvi e transcrevo o relato: nasci muitos anos depois. ----- Quem a despia, agora vestiu! ----- Foi assim... ----- Primeira vez que alguém da família se formava num (sacrificado) curso umiversitário e todos se dividiam entre despeito e olho grande /muitos/ ou orgulho inocente e feliz /raros/ - sem imitador familiar algum. ----- Faculdade federal. (Prédio no centro da cidade onde funcionara o Senado Imperial, tempo de Dom Pedro II). Direito. "Ah, sou doutor!" ----- A poucos meses da formatura, disputa (memorize e disseque esta palavra, caro leitor!) entre o mulherio sobre quem ELE escolheria como "madrinha"... De todos os lados surgiram agradinhos cretinos e de última hora. Faziam doces, davam sabonetes caros de catálogo, ofertas femininas até para lavar o carro dele (recusava assustado), um fusca velhíssimo, e passaram a elogiar tudo o que ELE escrevia, articulista das sextas-feiras, num jornal carioca famoso, de um sagitariano-judeu-russo-brasileiro, e que nunca leram antes (não entendiam a linguagem). ----- Pensou, repensou, qualquer escolhida no grupo viraria prepotente perante as outras - uma puxando o cabelo da "rival"?! ----- Pensou nas garotas do bordel íntimo. Havia uma linda, miúda, toda delicadinha e engraçadinha, educadíssima, instruída, a 'pérola" do ambiente. Ué, acontece! Sem censura, a vida como ela é. ELE, grandalhão abrutalhado, um vozeirão que recitava de cor CASTRO ALVES, BILAC e BANDEIRA... Levou a jovem a uma excelente modista que desenhou especialmente para ELA um vestido em cetim e rendado requintados e recomendou um chapéu de abas largas na mesma renda das luvas curtas. ----- Na véspera, ritual de massagens e melhor tratamento de cabelo que por natureza já era muito bonito - loura natural de cachos angelicais. CELESTE MARIA. No dia, maquilagem suave especial. ----- Pagou todas as despesas, feliz. ----- A moça foi muito bem recebida (???) por todos e todas, apresentada como 'princesa namorada e enamorada', estudante: normalista do tradicional Instituto de Educação (em verdade, ELE fixado em professoras!). Enfim, jovem e solteiro, irmão de umas, primo de outras, ninguém podia esbravejar. Dizer o quê?

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 24/06/2018
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