Yellowhouse, O Princípio.

Meu primeiro contato com Yellowhouse se deu na quermesse de setembro de um ano o qual não me lembro mais. Andava sozinho como sempre e meu cigarro, quando logo à frente a vi vindo em minha direção ao lado de sua companheira dileta de coração. Era a mesma que agora atravessou a rua em seu velocípede e só me acenou porque gritei um “oi”.

Já a conhecia de algum tempo quente em meados dos primeiros anos da década do século XXI, naquela burocracia infernal do sistema judiciário nacional. Era interior do Brasil e quase todos estávamos fodidos.

Quando se aproximou logo me convidou em um tom intimista e ao mesmo tempo intimidatório para irmos até as proximidades da Câmara Municipal a fim de nos conhecermos melhor. Acendi um cigarro, ela também. Olhei ao redor, ela também. Queria ir ao banheiro, ela também. Naquele tempo ir a banheiros custava um real de níquel brasileiro. Paguei a ela para que não tivesse que ir até a esbórnia do banheiro público e impudico. Ela foi e voltou logo, rápida e tépida como sempre. Foi logo dizendo o que queria e eu como a ninguém nada devia, assim como não devo até hoje, não tenho rabo preso, não sou negociável e muito menos sugestionável, em princípio aceitei. Dissemos um ao outro nossas possibilidades e pretensões. A dela a mim naquele momento em nada tinha valia. Era apenas alguém tentando encher meu saco mais uma vez. E ela conseguiu. Não só encheu tanto meu saco, como me fez perder a cabeça também mais de uma vez.

Fomos para o carro e demos uma volta pela cidade morta. A noite esfriava repentinamente como um restolho de sentimento que vai caindo feito folha da última árvore da espécie “esperança”. Paramos e ela saltou sobre meu corpo que ainda segurava o câmbio. Disse: “não!”, pare com isso! Ela tentou e não desistiu durante os seis meses seguintes.

(YELLOWHOUSE é um conto sequencial. Eis aqui a primeira parte para o desespero de alguns e a risada de muitos).

Tentarei ser isento em observações atinentes às recordações para que não passe por ridículo, absurdo, hipócrita e muito menos parcial. Exporei os fatos como foram vistos e sentidos por minha existência cansada àquele período.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 06/07/2018
Reeditado em 06/07/2018
Código do texto: T6382889
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