Um Crescimento e um Sopro

Era um menino e não sabia o que era a vida. Então, ao crescer, os braços desengonçados, as pernas no novíssimo andar, a ele, toda nua ela se mostrou.

Era fria e um desfile de tantas coisas diversas: carros, rostos, pernas, praças, ônibus, trens; todos aos pedaços mostravam-se rapidamente e seguiam seu curso independente para um outro lugar --- pois o importante era se ir, não importando onde chegasse, se é que havia ponto de chegada. Mas não: não havia.

Era a vida de se sentir sozinho, a ele que ganhava mais e mais a sustância do corpo pelo mingau preparado por sua mamã. Era um tema inconcluso, pois, por mais que se referisse a algo, nunca poderia compreendê-lo totalmente, totalmente era palavra que não existia.

Era o que era o tal desfile dos outros, visto de fora e por dentro apenas umas efêmeras serpentinas, confetes que cintilavam à uma luz efêmera, mostrando seus avessos, suas outras faces, e logo indo se deitar na sombra. Raramente uma claridade nele se fazendo que, depois veria, fora mais uma ilusão de ótica.

Para ele o cortejo de tantos objetos passantes, todos diversos entre si, e nele mesmo, continuaria, mesmo sem ele. E ele jamais saberia dizer até quando. E, mesmo assim, amaria o ofegante e veloz cortejo com seu gosto neutro na boca, seu gosto ameno, sua hóstia, sua breve comunhão pedida.