Trabalhador do dia a dia

As quatro horas da manhã, Mauro levantou. Preparou o seu café e quando ia saindo, sua mãe acordou e se despedindo o acompanhou a porta.

Em mais um dia de trabalho ele segue pela rua escura em direção a parada mais próxima. Sob a brisa fria da madrugada, ainda com sono, ele se escora no que restou do abrigo. Logo, surge na esquina a condução, que trás em seu interior outros trabalhadores, e os leva em pra garagem.

Como de praxe, batem os seus cartões de ponto, e vão pegando com o fiscal de linha, os seus horários a seguir no dia. Depois caminham cada um à sua lotação.

Mauro ao entrar fala ao motorista, seu passeiro:

- Rapaz hoje acordei com uma moleza! Mas a gente tem que trabalhar. Fazer o que né.

- É, verdade. Sai de casa e o meu filho estava com catapora. Disse o motorista.

- E aí? Perguntou Mauro, o cobrador.

- E aí, que deixei o último arroz, que fizemos ontem pra ela leva-lo ao médico.

-Puxa vida. a nossa vida, as vezes, é uma aventura. Saímos de uma coisa e aí, vem outra. Completou Mauro, quando entrou dois passageiros. E foi gradativamente enchendo o ônibus.

Na primeira viagem tudo sossegado. Aí veio a segunda e a terceira com o ônibus lotado. Um empurra, empurra de sempre. O calor, a falta de troco, o engarrafamento, o cansaço, as reclamações… Tudo como num dia normal.

Lá pela penúltima viagem, mais ou menos lá pelas onze e quarenta da manhã, parados diante do sinal, o motorista pediu uma garrafa de água e chope de fruta para um dos vendedores do cruzamento. E disse:

- Mauro, paga pra nós essa água e o chope.

Imediatamente, Mauro abriu o caixa e efetuou o pagamento e em seguida questionou o calor, que foi compartilhado pelo seu parceiro.

- É meu amigo está muito calor hoje. Acho até que vai chover.

- Provavelmente. Ainda bem que estamos na penúltima volta e já e depois já iremos pra casa.

Os dois riram e com o aproximar do fim de sua jornada, já começavam a relaxar.

No ônibus, que estava ido para o fim da linha, havia não mais que trinta e dois passageiros, que se preparavam gradativamente para descer.

E assim ia se concluindo o dia.

Quando estavam no meio da viagem, no ônibus havia dezesseis passageiros. E entretidos com a música do rádio. Cobrador e motorista não perceberam, que dois jovens, de bonés se levantaram, com a rapidez da surpresa e anunciaram o assalto.

Um deles, bastante nervoso, com a arma em punho atacou os passageiros e o outro também com a arma de fogo nas mãos, mais centrado dizia ao cobrador:

- Bora meu irmão! Sem agoniação, me dá a grana se não tu morre.

Em pânico o rapaz, suado e vermelho ficou sem saber o que fazer. Não dizia nada. Tremia e não saída do lugar.

O bandido, mais nervoso veio e deu uma coronhada na cabeça do cobrador, que o atordoou. Em seguida meteu a mão na gaveta do dinheiro e arrastou.

O Rapaz ainda atordoado, sem saber com reagir ouviu um tiro no seu lado.

O Motorista nervoso foi obrigado a parar fora da rota e os dois desceram com bolsas, telefones e a renda do ônibus, tomando um rumo ignorado.

Os passageiros aflitos se dividiam em choro e desesperos. O Motorista foi ao encontro do amigo, cobrador, que ficou em choque.

Quando a polícia chegou muitos se explicavam, se queixavam, mas ninguém sabia dizer ao certo as características físicas dos bandidos e tudo ficou nas declarações tomadas na delegacia, que quando não tem solução, vão parar nas estatísticas ou na manchete do jornal.

Na volta pra casa, Mauro, que era um trabalhador, tornou-se um rapaz fora do normal e nunca mais foi trabalhar. Dizem que até hoje ele nem sai de casa, pois o trauma, mesmo com os medicamentos e um acompanhamento médico pífio, que o Estado oferece, só consegue corrigir o problema, se pensar pelo lado da aposentadoria, porque o emocional, a pessoa normal, nunca mais se tem de volta.