Dois lenços transparentes. Um verde e outro florido.
A menina tão nova ainda, dançava, rodopiando pela sala. Inventava a dança dos véus ao compasso da música ressonante de sua imaginação.
A mãe bordava, sentada no sofá, calmamente.
De repente, um pensamento; feito um clarão de relâmpago pára a dança. Corre para o lado da mãe e pega em seu braço, aflita.
-“Mãe, um dia você vai morrer?”
-“Claro, como todo mundo!”
A boca se abre, num círculo de choro gritado, comprido, inconsolável. A mãe aturdida, não sabe bem o que faz ou o que fez.
-“Mas, filha, vai demorar muito tempo, ainda!”
-“Muito tempo é quanto?”_ pergunta em lágrimas transbordantes.
-“Ah, você já vai ser bem grande.”
-“Grande como quem?”
-“Como a Laureci.” _ a empregada, moça de vinte anos.
Suspiro! “Ainda bem, então vai demorar muito mesmo.”
E os lenços voltaram a bailar, aliviados.