O dia em que Ana se tornou feliz!

Naquela cidadezinha do interior, todos se conheciam. Todos sabiam seus nomes, suas histórias, suas vidas. Porém, havia naquele lugar, um lugar lindo, um lugar de muito verde, uma natureza intocável, uma menina chamada Ana.

Quase ninguém conhecia Ana. Quase ninguém sabia de sua história, de sua vida. Mas, como pode, se quase todos naquele lugar se conheciam? Como existira alguém que as pessoas não a conheciam? Contudo, existia Ana.

Ana vivia em uma casa humilde, simples, mas de muito amor. Sua família lhe dava muito carinho. Dava-lhe proteção e tudo o que ela precisava para conseguir viver. Ana era muito especial para todos daquela humilde família. Ana era especial. Entretanto, por que Ana não saía e quase ninguém a conhecia? Ana sentia-se mal, não gostava que a visse. Não se sentia feliz com os olhares das pessoas, sim, as pessoas sempre olhavam para ela com olhares diferentes, e ela sentia isso, ela via isso.

Todas as vezes que Ana ia para algum lugar com sua mãe, voltava para casa triste, abatida, apesar de todo amor recebido pela família, isso era um sentimento comum dela, estava com ela.

Quando Ana entrou na escola, foi uma grande tristeza. Não queria de jeito nenhum ir. Mas, sua mãe insistiu-lhe que fosse, pois seria melhor para a vida dela. Ana então aceitou. Em seu primeiro dia de aula, ao retornar, voltou muito chorosa, muito abatida, então sua mãe já sabia o que havia acontecido. Sua mãe, muito amável, lhe disse que ela era especial para todos da sua casa e que não importava o que os outros pensavam sobre ela.

Ana não queria mais ir, porém, sabia que era necessário. Naquele dia Ana conheceu uma menina doce, uma menina carinhosa que de princípio, ficara olhando pra ela como todas as outras crianças. Mas aquele era um olhar diferente. Ana sabia que aquele olhar lhe dizia algo que os olhares das outras crianças não diziam. Clara, veio até Ana e pediu-a se ela podia ajudá-la. Ana estranhou, afinal, nunca ninguém nem queria chegar perto dela, quanto mais oferecer ajuda.

Ana estava acostumada com sua situação, não precisava ajuda de ninguém, o mundo dela era aquele, era assim desde que nascera. Sua vida era aquela cadeira de rodas. Via o mundo daquele jeito, escuro, sem cor e sem brilho, via o mundo do seu jeito. Rejeitou a ajuda de Clara. Entretanto, Clara muito carinhosa insistiu em ficar perto de Ana. Assim foram passando os dias. Até que certa vez, Clara percebeu que Ana era triste, sozinha e que a ajuda que Ana precisava não era ajuda física.

Então, Clara estava decidida. Iria ser amiga de Ana, queria ser amiga dela. Todas as manhãs, Clara passou a sorrir para Ana, Abraçar Ana e dar carinho para Ana. Clara passou a usar todas as formas possíveis para fazer com que Ana se sentisse especial, e conseguiu, conseguiu conquistar a confiança de Ana, conseguiu fazer o coração de Ana enxergar a vida com brilho, com cores e alegria, afinal, ela era especial.

Aquela amizade, que iniciou devagarinho, de mansinho, perdurou por anos e anos. Ficaram inseparáveis. A mãe de Ana percebeu que a filha, já não tinha mais nenhum problema, nenhuma deficiência, pois a deficiência de Ana era a tristeza, a solidão por não ter nenhum amigo que pudesse compreender o que ela de fato sentia. Clara a compreendia, Clara a ajudou da forma mais especial que alguém poderia ajudar. Afinal, Clara percebeu que a deficiência de Ana, não era a física, Clara percebeu que Ana precisava de amigos.

Viviani Borghezan
Enviado por Viviani Borghezan em 23/08/2018
Reeditado em 23/08/2018
Código do texto: T6427874
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