ALGUNS AMORES DE UM ALVES - PARTE II

INTERTEXTUALIDADE

Poema "O ADEUS DE TERESA", de CASTRO ALVES - "A vez primeira que eu fitei Teresa. (...) Foi a última vez que eu vi Teresa!..."

ROMANTISMO - idealização amorosa

1 - ASPECTO FORMAL - 8 estrofes: 4 quartetos + 4 versos isolados (estrofe do fim do verso) / métrica decassílaba, tipo 10 (6-10) e 10 (6-8-10) / rimas aabcbc / rima 'b' repete-se nos versos 3-6-9-12-15-18-21-24 / versos isolados = refrão muda a expressão que explica a atitude da mulher:

E ela, corando, murmurou-me: "Adeus". - corando, v.6

E ela entre beijos, murmurou-me: "Adeus". - entre beijos, v.12

Ela em soluços, murmurou-me: "Adeus!" - em soluços, v.18

E ela arquejando, murmurou-me: "Adeus!" - arquejando, v.24

Uso das aspas indica a fala da mulher --- progressão na mudança, acompanhando o desenvolvimento do amor entre o poeta e Teresa.

2 - EVOLUÇÃO DA ESTÓRIA DE AMOR - estágios:

Eu-lírico é homem - de início, exaltação è beleza e ao erotismo da mulher amada.

Conhecimento, encantamento, desejo, atração (impressão que sentiu) - versos 1 ao 6 / Amor realizado (conquista) - versos 7 ao 12 / Separação temporária (abandono) - versos 13 ao 18 / Retorno do amante e desilusão (inversáo de atitudes, rejeição) - versos 18 ao 24.

Desfecho contrário ao Romantismo - não final feliz.

3 - LIRISMO AMOROSO - comparações:

Em GONÇALVES DIAS - platonismo - castidade, idealismo - poema "Olhos verdes" - epígrafe: "Eles verdes são: / E tem por usança, / Na cor esperança, / E nas obras não." - Camões, Rimas --- "São uns olhos verdes, verdes, / Uns olhos de verde-mar, / Quando o tempo vai bonança: / Uns olhos cor de esperança, / Uns olhos porque morri: / Que ai de mim! / Nem já sei qual fiquei sendo / Depois que os vi" (...) Não pertenço Mais à vida / Depois que os vi!" ----- Versos escritos em 1848, inspirados por uma moça do Rio com quem teve ligeiro namorico - poema em tom gracioso e levemente arcaico, em voltas camonianas.

Em ÁLVARES DE AZEVEDO - amada distante, sonhada, adormecida, intocada - poema "Adormecida": "Uma noite, eu me lembro... Ela dormia / Numa rede encostada molemente... / Quase aberto o roupão... solto o cabelo / E o pé descalço do tapete rente. (...) Virgem! - tu és a flor da minha vida"..."

Em CASTRO ALVES - personalismo - amor concreto, erótico, físico, realizado - poemas "O gondoleiro do amor", "Boa noite" (Shakespeare na epígrafe) e muitos outros ----- Em "Boa noite", mulher menos idealizada e maissensual. ----- Em "O gondoleiro do amor", poetização do erotismo: descrição dos atributos da mulher amada - sorriso, seio, colo - e palavras como volúpia, prazer, dor. ----- ELE poetizou inclusive a vida sentimental do negro, apresentando-o como ser humano digno a uma sociedade branca que o hostilizava.

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POEMA "TERESA", de MANUEL BANDEIRA - "A primeira vez que vi Teresa (...) E o espírito de Deus voltou a se mover sobre a face das águas."

MODERNISMO - realidade, distância da idealização

1---EVOLUÇÃO DA ESTÓRIA DE AMOR - estágios:

Eu-lírico é homem - linguagem do cotidiano; achou-a feia, mas acabou apaixonado.

Antilirismo - presença de transformações nos planos físico e sentimental.

Desagradável (pernas estúpidas) - verso 3 / Aprofundamento do olhar (fundo dos olhos da amada) - v.5 / Realidade (olhos velhos, alma velha: sofrimento e/ou sabedoria) - v.5 ao 7 / Interesse, magia, mistério e grandeza, encantamento (relação mais terna: poeta apaixonado) - v.9 ao 10.

2---Embora namoradoríssimo, ih... muito reservado nas relações amorosas. Muitas "Teresas" na vida dele. Tuberculoso quando jovem, driblou por décadas a "indesejada das gentes" - poema "Consoada" e outros - e o casamento, eterno solteiro, morando sozinho, super literato, bom cozinheiro em casa, até falecer aos 82 anos.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 08/09/2018
Código do texto: T6442716
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