O ônibus

Ela já tivera asas, mas as perdeu, o motivo dessa grande desilusão! Nem ela mesma sabe.

Tentou matar- se jogando-se do vigésimo sexto anda,

Mas alguém que a conhecia a segurou pelas as mãos e a colocou suavemente ao chão.

E quando ela abriu os olhos viu-se deitada no jardim do edifício sentiu alguma coisa sobre o Seu corpo, eram pétalas de rosas.

Procurou o culpado! Em vão! O seu salvador já se fora.

Olhou para o céu, restava ainda um resquícios de luz sobre as nuvens coloridas!

Teve a impressão que o prédio iria cair sobre a sua cabeça.

Ergueu-se e meio ressabia caminhou ao começo da rua determinada a cumprir com a sua ideia absurda, queria dar um fim a sua maldita vida!

Um carro, seria agora a solução, um carro grande e pesado, um ônibus lotado.

Esperou o momento oportuno fechou os olhos e jogou-se, sentiu um vento leve,

Mas o impacto do auto no seu frágil e miserável conjunto de ossos, não veio!

E quando ela abriu os olhos, havia a sua frente uma bela e grande xicara!

Tinha as mãos postas sobre uma mesinha de madeira e estava acomodada em uma cadeira Fofinha e bem confortável!

Por alguns instantes ela comtemplou aquela xicara observou a fumaça que

Graciosamente saia do café e se desfazia ao céu,

Céu que agora lhe parecia mais claro, apesar de ser quase noite!

Em outra mesinha ao lado, com as páginas abertas, um livro a convidava...

Quem teria pela segunda vez e no mesmo dia evitado o seu fim, a sua morte?

Por qual motivo ou razão, quem era esse intrometido, que chato!

Agora ela não tinha nem o direito de morrer em paz!

Mas não tomou o café e não leu o livro, que continuo sobre a mesa a convida-la...

Se não queriam que ela partisse dessa para melhor ou para pior!

Então porque lhes tiraram as asas, qual teria sido a razão?

Perguntas irrespondíveis, incógnitas só incógnitas!

De repente um estrondo, uma luz descera rasgando uma arvore do outro lado da rua

E já não havia mais nuvens pintadas no céu, o sol já fora dormir, era agora um céu plúmbeo, pesado e escuro, a noite dominava as ações do tempo e dos homens!

O livro fora fechado e sobre ele uma grossa e brilhante corrente, em sua capa, havia algumas palavras escritas em letras douradas e diziam," Não há pressa, todos passarão! "

A xicara mudara de cor e o aspecto do seu conteúdo agora era de causar repulsa!

A mesa já não era de madeira, fora transmutada em ferro e pedras reluzentes,

Em suas mãos havia duas argolas feitas de fogo e flores, mas o fogo não as queimavam

Nem as flores e nem as mãos.

Nas pétalas surgiam vários rostos de pessoas desconhecidas, gente de todas as etnias

Paisagens deslumbrantes, mansões, muitos castelos, pedras preciosas e outros tesouros.

Pássaros negros sobrevoavam sobres as pétalas e caveiras que sorriam alegremente sobre as chamas flamejantes.

Ela não sentia medo, nem desprezo ou admiração!

E apesar de todos esses acontecimentos, ela se sentia muito leve!

Como se estivesse sendo levada por alguma coisa a algum lugar.

Uma chuva despencava sobre o telhado e os pingos que batiam na vidraça transpassavam o vidro Corriam feito um rio sobre as mesas do lugar.

Mas não molhava o chão!

O lugar não estava tão tranquilo quanto antes e um frio congelante adentrava a sua roupa

Queimando a sua pele e perturbando os seus ossos.

As dores começaram na cabeça.

As aguas arrastavam as mesas e o barulho era ensurdecedor!

Ela continuava sentada na cadeira quente e bem fofinha!

Os pingos caiam sobre ela, mas não a molhava.

De repete ela se viu em pé e ao lado de um ônibus,

O ônibus estava parado em cima da calçada, os passageiros havia todos descidos,

Alguns muito assustados! outros faziam comentários,

O motorista pressionava um lenço sobre a cabeça, o sangue que manchara a sua camisa escorria por entre os seus dedos e caindo ao chão, formava uma pequena poça

Com um vermelho vivo, tão vivo! Que chegava a ser escuro.

O ônibus com os faróis acesos e o pisca alerta ligado!

E sob a carcaça do auto, algum que parecia um corpo humano, os restos do que fora uma mulher, Era o seu corpo, era ela! Ali! Bem embaixo do ônibus! parecia que estava morta!

Mas não podia ser ela, porque ela estava muito viva! E não sentia dor!

Ás suas asas estavam perfeitas! Ela podia voar novamente.

Mas aquela voz tão perto! E cada vez mais perto, ela não entendia mais nada! E ...

Acorda! vamos, acorda Maria!

O ônibus já passou da parada, e tu continuas a dormir!

Vamos mulher! levanta, anda!

Era a voz do o seu companheiro...

Ela abriu os olhos...E poxa! Que sonho!

Edivaldo Mendonça
Enviado por Edivaldo Mendonça em 05/12/2018
Código do texto: T6519787
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