7h45

Seu coração ressoava com a palavra que ouvira dentro de si, era alegria, era tristeza, era sua realidade. Além da realidade, caminhou para os planaltos que se perdiam de vista de um mar verde. Sobre sua cabeça o céu azul e límpido varrera para longe as nuvens, deixando apenas o sol quente da meia-manhã beijar-lhe a cabeça de fios prateados. A coisa que ouvira mudou seu tempestivo interior, não sabia explicar, apenas deixar para trás toda emaranhada vida que viveu.

Foi assim que ela caminhou por centenas de quilômetros de terra vermelha e batida, escalou pedra virgem, pelo menos é o que pensara, para chegar à borda mais bonita do lugar. De cima, era possível enxergar o caudaloso rio que brilhava refletindo como milhares de diamantes os raios de sol que lhe faziam companhia naquele dia. Zéfiro soprava sua canção mais antiga, calma e sonolenta, e a banda de pássaros cantava vigorosamente seus agudos perfeitos. A visitante das 7h45 estava tranquila com seu coração, ela vestia uma velha camisola branca frouxa, que balançava ao vento feito bandeira em dia de furacão, e a leveza de si, a certeza de si que a levou até ali.

A gentil mulher sentou-se na fronteira entre a terra e o ar, deixou-se curvar e observou que a vida é uma grande tentativa, por isso, a única tentativa que lhe restara era realizar o sonho de infância, o de voar pelos ares, e decidida ela chegou ao seu destino, ao qual a voz do seu coração cantou.