A Turma do “Azulim” Ataca no Terreno Baldio.

No desenho animado Os Smurfs temos um velho ranzinza, alcoólatra e esquizofrênico que mora sozinho em um casebre no campo. Seu nome é Gargamel e seu gato se chama Cruel. Gargamel, além de tudo, é viciado em cogumelos alucinógenos, os quais cultiva em sua horta e os consome de todas as maneiras, chás, sucos, temperos, cozidos, fritos e em forma de salada. Sua alimentação básica advém desses cogumelos, que o deixa, além da bebida e a esquizofrenia, alucinado e paranoico, motivo o qual faz com que veja homenzinhos azuis que, segundo ele, moram em casinhas feitas de cogumelos e atazanam a sua vida, vida esta movida a persegui-los incansavelmente durante os capítulos do desenho. Ele sempre sonhou em comê-los, mas nunca conseguiu alcançar tal intento.

Isso tudo pode ser entendido como uma mensagem subliminar, o que para uma criança como eu em meados dos anos 80 pareceria estranho e descabido. Mas quem escreveu a história certamente era meio louco.

Mas hoje, depois dos quarenta, passei também a ver homenzinhos azuis! Não queria confessar isso porque as pessoas poderiam achar que estou bebendo demais ou consumindo substâncias alucinógenas, o que não é verdade. A única coisa anormal que consumo é um medicamento para dormir. Só isso. Mas só isso não seria o suficiente para fazer com que um sujeito veja homenzinhos azuis, não é mesmo? Mas eu os vejo!

Costumo vê-los entre o princípio do entardecer, noite adentro, até as madrugadas. Costumam sempre andar em dois ou três e estão sempre atrás de rabos de saia, periquitas, periguetes, jovens ou velhas mulheres, magras, gordas ou feias. Eles surgem como vampiros atrás desses espécimes, e enquanto não comem alguma, não sossegam. Para isso usam uma poção mágica que os deixam azuis e hipnotizadores , onde suas presas não resistem a acabam cedendo. Necessitam comer ao menos uma por noite, ou dia, tanto faz, mas se tiver mais eles comem também. Se tiver trinta mulheres, eles comem as trinta e depois ficam dias mortimbundos e desaparecidos.

Quando chega o entardecer, aspiram a vida, o pó da natureza, a poeira cósmica, e se transformam nos “Azuis”. Durante o dia são pessoas comuns, brancas, amarelas, vermelhas ou negras, mas na noite ficam azuis. Ninguém os vê além de mim, o que tem me preocupado. Será que estou enlouquecendo e ninguém quer me dizer para não me contrariar? Não! Eles existem sim! Eles existem! E são azuis! E comem mulheres em qualquer lugar, bar, carro, jirau, cabanas, terreiros, canaviais, telhados, mesas, banheiros públicos, etc, etc, etc. Com suas barracas armadas, turbinados e furibundos, invadem terrenos baldios arrastando duas ou três de suas atraídas e hipnotizadas vítimas, e metem a boca em todas as suas cavidades, enfiando tudo pra dentro, numa lascívia gutural. Eles são azuis!

E lá em cima a noite cheia de estrelas olha tudo silente e boquiaberta.

Savok Onaitsirk.

Cristiano Covas
Enviado por Cristiano Covas em 11/03/2019
Código do texto: T6595199
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