O Pintor e o Farol

3 gaivotas sobrevoam o céu da pradaria em que o pintor se encontra, na paisagem a sua frente apenas um pequeno farol, a grama verde, estranhamente, algumas borboletas brancas, o mar ao fundo e a eterna saudade do que ele nunca viveu saltando da tela em braco na sua frente.

Depois de refletir um pouco, o pintor decidiu fazer sua solidão falar por si só, pegou a paleta de cores e sozinho na imensidão da paisagem a sua frente começou o simples quadro. Ele apenas olhava para sua tela e pensava em sua vida e tentando ter ideias lembrou das três gaivotas e as observou voando para longe onde o mar se perdia em azul. A brisa deu ao pintor um lampejo de expiração, começou pelo campo depois pelo mar e por último tentou reproduzir o pequeno farol. Mas algo estranhamente o incomodava ele era experiente porém o desenho de um simples farol o parou por mais de 5 horas, ele não entendia como uma coisa tão simples estava o segurando por tanto tempo no campo.

Ele foi para a pequena cabana que chamava de casa, vendera todos os quadros que produzira, apenas para pagar uma estadia próxima ao farol. Logo no dia seguinte, separou uma tela apenas para fazer o esboço de sua dificuldade. Tudo permanecia do mesmo modo, o céu azul, as borboletas, as gaivotas. Mas ele não conseguia reproduzir de forma fiel o farol.

Voltou depois de uma semana e sentou em frente ao farol e se encontrou com o mesmo empecilho, as borboletas tomaram gosto pelas tonalidades fortes de sua pintura e o acompanhavam enquanto ele decidiu correr em volta do farol para tentar memorizar todos os ângulos em sua mente e alma.

Depois de um mês tentando reproduzir a pequena estrutura, com suas tintas acabando e seus pincéis gastos pelas pincelas nas telas de rascunho, ele decidiu parar de tentar.

Voltou depois de três anos, já com um certo renome no mundo das artes, e com a confiança da crítica e com a vontade inexplicável de sua esperança...Falhou novamente, levou suas mãos ao rosto, chorou e sentiu o peso do fracasso pessoal, se odiou por um tempo. Quando uma borboleta pousou no topo da sua cabeça e ele sorriu e decidiu não voltar para o farol.

Já idoso, o pintor, famoso no mundo por sua arte única. Sentiu falta de sua juventude e falta de experiência. Se despediu de sue família, dos netos, filhos e sua esposa e partiu.

Chegando a pradaria, o ambiente continuava intacto, reproduziu tudo lindamente, até que faltou o último elemento, o farol, com algumas simples pincelas ele conseguiu reproduzir o velho companheiro que o fizera lutar tanto com seus empecilhos internos, decidiu se sentar. Com seu espírito em paz e com a luz do sol sob seu rosto decidiu dormir. Ele não viu, mas as borboletas pousaram sobre corpo após dormir. Teve lindos sonhos e com um sorriso no rosto, nunca mais acordou.

Victor Neves
Enviado por Victor Neves em 13/03/2019
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