Roda Gigante

Quando eu subi lá, achei que seria divertido. Mas quando a minha cadeira era mais alta de todas, olhei de um lado e vi a quadra e os telhados da escola. Do outro lado, várias barracas vendendo doces, batata-frita e amendoins, atrás delas um matagal escuro. Na minha frente tinha mais brinquedos, e atrás, um monte de prédios.

Aí eu comecei a chorar, porque tive medo do que eu vi. As pessoas ficaram muito pequenas, e eu jamais conseguiria abraçá-las se eu continuasse muito maior que elas.

Antes de dormir, fiquei imaginando se Deus não tem medo de ficar lá em cima, ele podia cair, pois, que eu saiba, Deus não tem asas. E pensei também se ele não é triste por não poder abraçar as pessoas aqui na terra.

Quando eu for à roda gigante de novo, digo a Deus que também tenho medo do alto e que quando um avião passar perto da casa dele, ele pegue uma carona pra vir aqui nos abraçar.