Confissões de uma morta viva: Gratidão.

Houveram épocas em que fora de mim tudo era igual, e dentro haviam conflitos de desejos, mudanças e transformações querendo acontecer, mas pensava que a transformação não vinha, pois por fora estava tudo igual.

Foi uma das fases mais fantásticas de minha vida, que recordo hoje, com muito carinho. Nesta cama de hospital que tenho muitas lembranças a reviver, esta sempre escolho.

Por muitos anos fui algo em constante potencial para ser a versão que queria ser. Aprendi e agora posso dizer, que nessa vida não basta apenas querer algo. E eu queria muito ser melhor, mais viva, com mais atitude de conquistar o mundo. E pensava que querer bastava.

Lembro-me que muitas pessoas me diziam, seja assim ou assado, tem que fazer isso ou aquilo. Mas eu por muito tempo só aprendia errando, não escutando e ponderando.Não queria esperar, tinha ânsia por tentar, mas não possuía as ferramentas necessárias para obter o sucesso.

A paciência veio com muitos erros e muita vontade de acertar. Sabe quando você tenta fazer um bolo, mas não quer esperar o tempo certo para bater todos os ingredientes e deixar a massa grande e leve e depois seu bolo sai baixinho e dá errado? Depois de tantas versões de um bolo ruim, decidi esperar o tempo de cada coisa. Não aguentava mais minhas reclamações quando minhas atitudes continuavam as mesmas, como eu queria que me tratassem diferente, se eu mesma me tratava assim. Percebi aquele velho clichê dos filmes de sessão da tarde da globo ou dos livros do Nicolas Sparks. A mudança vem de dentro pra fora, para mudar um pedacinho do mundo, mudo eu mesma primeiro.

Isso tudo exigiu tanta, mas tanta paciência que não cabia dentro de um caminhão. Mas trouxe tanta clareza para minha vida, que passei a conquistar aqueles sonhos que deixava guardado para desembrulhar e comer depois.

Passei a ser aquelas tias de Facebook com as florzinhas da gratidão, era grata a tudo e ainda sou. Gratidão é um sentimento lindo que nos faz saber em que ponto da vida estamos e dar valor a nossa trajetória. Junto com a gratidão vem a fé e elas se tornam um ciclo infinito de coisas boas.

Sou essa moribunda, já velha, mas minha cabeça e meu coração tem a idade de todas as histórias que lhes conto, tão jovem quanto quando nasci. Pois me desconstruo e reconstruo a cada dia.

Luiza Bruun
Enviado por Luiza Bruun em 02/06/2019
Reeditado em 02/06/2019
Código do texto: T6663431
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