C a s t i g o

Era mau. Tinha convicção que era mau. E perseguidor, perverso. Tinha outra certeza: não havia mais nada depois da morte. Então, pensava, se com a orte tudo acaba. para que ser bom? Não não havia castigo. Mas às vezes, depois que perpetrava uma maldade mais exagerada, algo criminoso, sentia no íntimo uma pontinha de duvida, mas logo esquecia, dizia, se houver castigo é o inverno e deve ser muito mais divertido do que o tédio do céu onde só há babaca. O inferno deve ser mais divertido.

Foi evoluindo nas maldades, mas envelhecendo, até que um dia acordou num local completamente diferente. Era parecido com um deserto, sem horizonte,tudo parado, nem era dia e nem noite, entupido de gente, todos completamente tristes, sem falar, sem ouvir, sem se comunicar, mesmo uns ao lado dos outros. Não se comia, na se bebia, não se pensava, não havia vida. Era o nada absoluto. Um local onde quem lá entrou deixou a esperança do lado de fora. Entendeu foi a última coisa que conseguiu pensar que estava no inferno, iria curtir o nada eternamente. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 06/06/2019
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