Último voo

Estava no alto de um prédio. Voara de uma mangueira onde fora bicar uma manga.Era seu passeio predileto, o trajeto entre a mangueira e o alto desse prédio, às vezes dando uma paradinha em cima de um fio da rede elétrica. . Mas também explorava outros locais e trajetos, voava, voava, voava, livre. Voar era seu destino e seu viver. Era um passarinho. Sabia que algumas pessoas o admiravam, inclusive, os poetas que não raro faziam versos sobre os pássaros. diziam que eles eram, por assim dizer, alegorias da liberdade... Mas sabia que havia aqueles que eram maus e engaiolavam os passarinhos, castravam e cassavam a sua liberdade, havia até os que alaém de engaiolá-los furavam seus olhos para eles cantarem melhor, o canto de tristeza e revolta. E ainda havia os garotos malvados que matavam passarinhos. Era preciso ser esperto, vigilante, cuidadoso. Mas sabia que erra difícil, muito difícil, escapar dos maus, dessa fatalidade. A vida do passarinho, pensava, era fugaz e perigosa, mesm sendo prazerosa.

Nesse dia, um dia frio de inverno, quando estava em cima do prédio, resolveu dar um pulino até a mangueira, foi quando um garoto mau conseguiu atingi-lo. Sentiu o golpe violento, mas mesmo assim num esforço incomum conseguiu voar, voou, voou, voou, ainda num supremo esforço fez uma cabriola no espaço, sabia que era o seu último voo, seu último prazer, seu último momento de liberdade terrena, mas durou apenas segundos, caiu vertiginosamente morto na calçada do prédio, um gari o encontrou e com a pazinha o apanhou e jogou dentro da lata de lixo. E dali para o caminhão do lixo. Foi esse o enterr de um grande artista. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 29/06/2019
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