CULTURA AFRICANA - PARTE VI

1---Não muito longe da Central do Brasil, centro da cidade, no Largo de São Francisco da Prainha, bairro da Saúde, a estátua de MERCEDES BAPTISTA (1921 / 2014), bailarina, coreógrafa, símbolo da resistência da herança africana, criadora do balé afro-brasileiro de inspiração religiosa, primeira negra a integrar o corpo de baile do até então "fechado" Teatro Municipal.

Semelhante ancestralidade na Pedra do Sal, no Cais do Valongo e no Morro da Providência. Visitem o Centro Cultural José Bonifácio e Casa da Tia Ciata.

2---Brevemente, demarcação de uma região de 1,13 quilômetros quadrados, a intitulada PEQUENA ÁFRICA, região de refúgio dos negros alforriados. Não exatamente uma reparação ou 'indenização por danos morais', mas bendita a criação no local de um Memorial da Diáspora do Africano e a reconstrução de ladeiras, becos e vielas com as características originais. O 'erro', na verdade crime, da escravidão ainda gera preconceitos e submissões.

3---Entre os bairros de Santo Cristo, Gamboa e Saúde, o perímetro abriga também sítios arqueológicos, como o Cemitério dos Pretos Novos.

4---O emblemático Cais do Valongo, reconhecido com o título de Patrimônio da Humanidade, foi construído em 1811 para retirar da rua Direita (hoje Primeiro de Março) e desembarque e comércio de escravos africanos /porta de entrada de aproximadamente 1 milhão de pessoas no Rio - eta Brasil coloridinho!/ - "redescoberto" em 2011, durante as obras de reurbanização do Porto Maravilha.

No jardim Suspenso do Valongo, construído durante obra da prefeito Pereira Passos para alargar a antigo rua do Valongo, inaugurado em 1906, muitas marcas de má conservação. Na encosta do Morro da Conceição, estátuas pichadas e ausência de iluminação. Lutar pela preservação da memória de um passado ainda presente!

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LEIAM meus trabalhos "Estórias cariocas acronológicas" - Parte V e V (cont.) --- "Estórias cariocas sem cronologia" - Partes XXI, XXI (cont.) e XXX.

NOTAS DO AUTOR:

São Francisco da Prainha - local era uma praia que batia nos muros da igreja. / Casa da Tia Ciata - espaço cutural para promoção de encontros com músicos importantes, como Donga e Pixinguinha. / Centro Cultural José Bonifácio - primeiro colégio público da América Latina, posterior centro de referência da cultura afro-brasileira da América do Sul. / Pedra do Sal - onde o sal era descarregado das embarcações, depois ponto de encontro de sambistas que trabalhavam como estivadores. / Instituto Pretos Novos - onde era o cemitério dos recém-chegados - calcula-se de 20 a 30 mil pessoas ali enterradas.

FONTE:

"Pequena África, joia do Rio, pode ter proteção da lei" - Rio, jornal O GLOBO, 26/5/19.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 03/07/2019
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