Miniconto - O patriota

Corpo ereto, queixo alto, olhos compenetrados e mão sobre o peito. Nem a chuva forte que chegara de repente, nem o sorriso sarcástico dos heréticos conseguiam demovê-lo de sua postura marcial assumida diante de um anônimo hasteamento da bandeira em praça pública, que iniciara enquanto ele, o Civil Horácio, passava pelo local.

Antes, porém, que a bandeira tocasse o topo do mastro e o rito tivesse seu fim, Horacio abandonou às pressas a postura respeitosa para prestar seus préstimos a infeliz senhora que escorregara na poça recém formada pela chuva a quase 20 passos de distancia.

Neste momento, os risos sarcásticos cessaram e a própria chuva silenciou-se.

Parece que na presença da dignidade até os deuses se curvam e os tolos se calam.