Nobreza espiritual

Naquele centro de recuperação existente em algum ponto da eternidade, Haroldo e Sofia um casal dedicado e com larga experiência no tratamento de espíritos rebeldes, era entrevistado por Evaristo, um dos mentores espirituais mais evoluído e o responsável pela execução dos trabalhos realizados com aqueles espíritos desorientados.
- Meus irmãos... Acabo de tomar conhecimento do pedido para uma nova missão na carne. Estão realmente certo dessa decisão?
- Estamos.
- Sabe o quanto vocês são importantes aqui. Muito mais do que encarnando outra vez na terra.
- Sabemos perfeitamente, mas ficaremos ausentes somente por um curto período. Logo estaremos de volta e continuaremos nosso trabalho junto à comunidade.
- Quanto a isso não tenho dúvidas. – Afirmou Evaristo.
- Então porque a objeção em encarnarmos. Faremos isso para que nossos protegidos a qual amamos tanto, tenham uma nova oportunidade de aprendizado e resgates na carne.
- Também sei disso, mas tenho a obrigação de lembrá-los o quanto é arriscado essa missão. Sempre há o risco de um comprometimento.
- Não estaremos sós e confiamos que teremos toda a proteção merecida.
- Vejo que estão mesmo decididos a viajarem. Então não me resta alternativa que não seja a de apoiá-los e esquematizar sua estada por lá.
- Que bom. Sabíamos que poderíamos contar com você.
- Diga-me quando estão pretendendo ir?
- Assim que ficarmos liberados.
- Bem, acredito que Sofia estará mais tempo comprometida por aqui do que você, Haroldo. – Comentou Evaristo.
- E verdade, mas já acertamos d’eu ajudá-la nesta doutrina.
Continuaram conversando por um longo tempo até que tudo ficou previamente acertado.
- Não resta dúvida. Essa é realmente a melhor maneira para realizar essa missão. – Concluiu Haroldo.
- Bem, só me resta agora desejar que consigam realizar seus desejos e que seus protegidos não desperdicem a nova oportunidade.
Haroldo viria primeiro. Depois Sofia viajaria para fazer-lhe companhia na terra. Encarnariam com uma diferença de oito anos entre eles. Após se conhecerem e casar seriam os responsáveis pela viagem de entrada dos três irmãos que eles queriam ajudar. A convivência entre eles não poderia ultrapassar cinco anos para que não comprometesse a missão.
Haroldo e Sofia pediram a Evaristo para que os deixassem encarnar junto daquelas famílias que eles escolheram, pois assim aproveitariam, já que alguns estavam encarnados, para resgatar algumas dívidas pendentes com eles, e no final das suas estadas na terra também estavam dispostos a sofrerem pequena provação para contrabalançar alguma falha cometida e aprimorar ainda mais seus espíritos. Tudo acertado, a nova missão se deu início.
Haroldo encarnou e foi batizado com o nome de Fernando. Quase sete anos mais tarde Sofia também chegou a terra e foi batizada de Maria. Pronto. A primeira parte da missão estava completada, agora era só esperar o tempo passar.
Vinte anos mais tarde Maria conheceu Fernando e casaram-se. Dessa união nasceram seus três filhos. Kleber, Pedro e Fernando. Conforme o determinado na espiritualidade Fernando e Maria conviveram com seus filhos durante o período permitido em verdadeira alegria. Estava realizada a segunda parte da missão.
No início do quinto ano que estavam juntos, os dois adoeceram de uma moléstia que na época era fatal. Começava a última parte do que eles se comprometeram na espiritualidade.
Durante um ano de resgate esses dois generosos espíritos sofreram na carne, os efeitos devastadores da doença, e na alma, os dissabores do abandono e a ingratidão dos familiares.
Como parte integrante da missão deixaram cada um de seus filhos e protegidos sob a responsabilidade de três famílias amigas, que previamente se comprometeram a encaminhá-los nesta jornada.
Estava completada a missão que Haroldo e Sofia se dispuseram a realizar encarnados. Retornaram a eternidade e foram recebidos pelo próprio Evaristo.
- Parabéns, meus queridos irmãos. Vocês conseguiram.
- Obrigado pelos parabéns Evaristo, mas sem a sua proteção não teríamos conseguido, e tem mais: – Só fizemos nossa parte. Tomara que eles também façam a deles e consigam conviver como irmãos.
- Isso, nem a nós é permitido conhecer. Saberemos com o tempo.
Fernando Antonio Pereira
Enviado por Fernando Antonio Pereira em 06/10/2019
Código do texto: T6762649
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