Saudade de Leila Diniz

Estava meio encabulado, com uma gripe danada e dor nas costas. puto da vida por ser obrigado a ficar assistindo tevê, nem ler tinha vontade. Mas aí um vizinho lhe fez uma visita e trouxe consigo um recorte de jornal,da FSP,. Era uma crônica de Ruy Castro sobre a saudosa Leila Diniz, uma das admirações do doente.Leu e, poke!, saiu da prostração. Eis o teor da crônica:

Uma Mulher com sua Verdade

Ruy Castro

A famosa entrevista de Leila Diniz ao semanário O Pasquim, em 1969, fez 50 anos outro dia foi assunto dos jornais que não tiveram espaço para reproduzi-la na íntegra. Nem precisavam. Ela está na internet, completa, com os palavrões mais puros da língua substituídos pelos asteriscos, como saiu no jornal, e co a franqueza e tranquilidade de Leila. Nenhuma mulher foi tão livre. Nenhuma foi tão ofendida. E nenhuma tirou tudo isso tão de letra sem se fazer de vítima.

Leila gostava de sexo, gostava dos homens e gostava de si mesma. Ia para a cama com quem lhe agradasse e só com esses. Os que pensaram que ela estava à disposição - os poderosos e ricaços em gera habituados a pagar por seus troféus - se enganaram feio. Um exemplo é a história do general que a assediava. Quando Leila lhe disse que desistisse, ele foi grosso: "Mas você dá pra todo mundo!". E ela: "Eu dou pra todo mundo. Mas só para quem eu quero".

Hoje as feministas a põem entre as suas, mas as daquele tempo não gostavam dela. Diziam que ela "fazia o jogo dos homens". Os militares a ameaçavam. Leila foi boicotada pela televisão e passou apertos. Não se conhecem queixas de sua parte. Talvez achasse que era o preço a pagar.

Quando se vê hoje sua foto na capado Pasquim, de toalha enrolada na cabeça, pode-se perguntar: "Por que essa toalha?". Simples. Antes de ir para a entrevista, em Ipanema. Leila foi à praia dar um mergulho. De lá seguiu direto para o apartamento de Tarso de Castro, onde a esperavam seus entrevistadores: Tarso, Jaguar, Sérgio Cabral (pai), Luis Carlos Maciel, Tato Taborda e o fotógrafo Paulo Garcez.

Ao chegar, Leila pediu para tomar uma chuveirada. Deram-lhe uma toalha. Tomou, voltou para a sala e fez as fotos e a entrevista com sua saída de praia e a toalha na cabeça, sem pose, sem maquiagem. Tinha 24 anos. Era a antiestrela, a antivamp. Apenas uma mulher com sua verdade.

Depois que leu essa crônica a gripe a dor nas costas do homem tomaram Doril. E ppriu. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 24/11/2019
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