C i r c o

PENSOU no circo. Na magia do circo. Na alegoria da vida que o circo retratava. Ele era necessário, sobretudo ao poder. Como controlar o povo sem recorrer ao circo? Bastava um pedacinho de pão e circo para desviar o povo de pensar. De pensar e agir. Sempre fora assim, desde o começo dos tempos. O povo raramente se dava conta da força que tinha. Desconhecia=a. Descarregava suas energias se divertindo com o circo e enganando a fome com u pedaço de pão. Não, não se ligava em dignodade humana, direitos, revolta. Isso era para o povo fruta braba. O circo impedia que ele pensasse. E priu.

Ficou ali no seu continho refletindo , triste com o conformismo do povo. E, pensando no circo. sempre comparava a democracia ao trapezista condenado a dar um salto mortal num trapézio defeituoso e sem rede. Exagero? Talvez não (já estavam falando num novo ato 5). Nessas horas de divagação sobre o circo, o povoe a democracia, ele sempre lia para sos seus botões um trecho de uma crônica de Potiguar Matos:

"O homem se pergunta por que o circo? Donde veio ele, tão repentinamente? Em que céus, em que mundos se escondia? Entre as rodas do automóvel, o equilibrista passeia. Na lâmina do rio cores perdidas renascem. galhardetes e bandeirolas, uma rosa vermelha desfolhada. Na multidão, o homem dança. Saltimbancos arcoirizados, trapezistas d dor soltos no espaço, buzinas rugem em carros desdentados, cobras no asfalto, acrobacias loucas de anões pendurados no nada. Tem espetáculo. O circo imenso e alvar. O pregão do palhaço, as pernas de pau minguam e somem, o palhaço é pequenininho, chora, grossas lágrimas pingam nas bandeirolas, multicoloridas, nos cabelos da bailarina, na graça equestre da jóquei. loura imemorial, perdida no galope, os olhos longos e maduros, a tarde pulando do traapézio nas águas do rio.

"O homem sabe que o circo é eterno. Verdes tempos retornam ao seu coração. Segura a barra do trapézio, sente o impulso, o frio do ar, o espaço ferido, o pulo no vazio".

O hmem, pensa, se pelo menos houvesse uma rede. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 28/11/2019
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