Todos os Poetas Estão nas Esquinas

Crônica de um corvo cego.

Era manha de outono, as folhas amareladas desenhava sua chegada, mudança de estação sempre são um fenômeno da natureza extraordinário, a queda de temperatura já evidenciaria sua forma. Lá estava eu, um mero poeta sem credências para falar de amor, vamos lá, é mais saboroso o gosto do ódio do que a doçura do amor, mas os poetas mentem em suas canções, a quem diga que nenhum poeta amou, eu vos digo que tal afirmação, não passa de mentiras, eu entendo, existem sim, poetas que amam, mas esses que amam, nunca mais voltam a ser poetas.

Era por volta de onze e meia, a mochila em minhas costas pesava, era tudo que eu tinha para a minha viagem, uma escova de dentes, alguns cassacos, uma chave de fenda, um canivete, algumas cartas de baralho, duas calças, três camisetas um notebook velho, e eu tenho que falar, que não ter nada de grande valor na vida que te prenda em algum lugar, talvez seja algo afrodisíaco, pois assim sendo, não haverá um motivo para ficar parado. Como de costume viajava sempre a noite, raras vezes pela manhã, indo de cidade em cidade, vivendo da solidariedade de alguns poucos miseráveis que compartilhava um gole de bebida e resto de comida, eu queria conhecer todos os cantos possíveis antes de partir para a glória ou para o abismo.

Aos 16 anos, fui diagnosticado com Delírio de Capgras, você deve está se perguntando, mas que porra é isso? Espera um pouco, vou contar exatamente o que é isso, é quando um individuo, pensa que em algum momento alguém da sua família foi trocado por um impostor, sério, essa doença existe, esse tipo de doença, e seus sintomas, são mais raros em pessoas com esquizofrenia, mas não sou dessa classe.

Pois bem, fui fazer tratamentos, psicologo e tantas outras coisas, e chegaram a conclusão que sofro de uma psicose incomum de Síndrome de Capgras. Eu lógico não fiquei feliz ao saber, mas o que acontece é que meus país não pareciam mais os mesmos, apesar de todo mundo me falar que eles eram eles, o cheiro não era igual, o modo de olhar e os gestos, não podia acreditar mas neles. Quiseram me internar, foi quando resolvi sair de casa, talvez eram eles mesmo e eu sou um demente, ou por alguma chance mesmo que seja 1% em um milhão, eu estiver com razão, eu fiz a coisa certa, desapareci, eu manipulei provas, e fiz pensar que eu tinha morrido, para que isso acontecesse, perdi um de meus dedos que arranquei pessoalmente sem nenhuma anestesia, e joguei com algumas peças de roupas minhas nesse meu jogo de fingir a morte, deixando apenas uma carta, falando que o suicídio parecia a melhor opção quando a ilusão parece realmente uma verdade mentirosa. Então, funcionou, fui dado como morto, mesmo não achando meu corpo, um dedo era suficiente para inventar uma historia. Dedo que me faz falta.

Meus pesadelos todas as noites me visitavam, como se alguém quisesse me capturar, o remédio para isso, muita drogas.

Mas um dia cheguei a uma vilarejo pequeno chamada Moviles Park, era uma ilha, onde sua maior fonte de renda era a pesca e produtos rurais, a praia era maravilhosa, parecia coisa de cinema, povo sorridente, com gente velha sentada na calçada contando historia de seus ancestrais, pensei comigo mesmo, é um bom lugar para descansar. Aluguei com muita dificuldade um quarto de uma casa de pensão.

- Olá, rapaz, me chamo Suzy, sou a governanta da casa. Desejo boas vindas e o que precisar pode me chamar.

-Naquele momento pensei comigo, "quantas suzy existem no mundo?Ora era de desconfiar, quantas suzy alguém conhece em seu circo de amizade?¨, por que ela veio falar comigo, sou um verme, mas ela é a governanta, é dever dela, então respondi: Sim, estou, obrigado .

As pessoas nunca foram cortês comigo, por isso do meu espanto imediato.

Apesar do lugar ser lindo, alguma coisa, me parecia errado,meus olhos não estavam sossegado, você deve esta falando assim como um doente mental, tem o julgamento de saber o que é certo e errado ? Mas você errou não sou nenhum doente.

Passaram os dias, e eu escrevia cada vez mais meus poemas sobre aquela ilha e seus habitantes, sou um poeta, nem sei se posso me chamar disso. Mas algo encrencava minha mente, aos domingos os moradores quase que oitenta por cento, sumia, só vir nota isso depois de um mês, realmente demorei um pouco para associar as coisas.

Só tinha uma igreja, e nela não estava os oitenta por cento que faltava da população.

continua...

Davi Alves
Enviado por Davi Alves em 30/12/2019
Reeditado em 14/01/2023
Código do texto: T6830384
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