Fanfic - She-Ra e As Princesas do Poder - Lágrimas Sobre Etéria - Capítulo 3

Capítulo 3

Eu Sempre Vou Te Amar

Já era de manhã, no momento que o Ventania chegou apressado em Lua Clara, trazendo Cintilante e Arqueiro. A princesa estava tão abalada pelo ocorrido que nem esperou o cavalo pousar e já se teletransportou. Ela queria dizer o que aconteceu para sua mãe.

Ângela estava em seu trono e ao ver o semblante da filha já tinha uma ideia do ocorrido.

— Adora foi capturada. — Cintilante finalmente desabou em lágrimas. — Felina a traiu. Eu deveria ter impedido ela...

A mãe da Cintilante não falou nada apenas foi abraçar sua filha, enquanto o Arqueiro chegava correndo. Ele estava cansado e só viu a rainha abraçando a filha para confortá-la.

— O que vamos fazer? — perguntou a Cintilante.

— Tenho certeza que você vai conseguir criar algum plano para resgatá-la — disse a rainha. — Com as princesas juntas na Rebelião conseguiremos fazer isso.

Na Zona do Medo, os soldados comemoravam ao ver a She-Ra passando pelos corredores com a Scorpia na frente, sendo seguida pela Entrapta e a Felina, que estava de cabeça baixa.

— Mande ela para a prisão — ordenou a Scorpia.

— Por que a prisão? — perguntou a Felina. — Ela não está sobre controle?

— Sim, mas...

— Os meus experimentos não costumam funcionar muito tempo ou explodem — avisou a Entrapta.

— Ninguém vai explodir — disse a Scorpia, tentando acalmar a Felina.

— Eu vou com ela — disse a Felina. — Me siga.

She-Ra obedeceu e seguiu a Felina até a prisão. Ao chegarem de frente para uma cela, Felina respirou fundo antes de dar a ordem:

— Entre.

A guerreira obedeceu e Felina também entrou na cela.

— Adora! Você ainda está aí? — Felina estralou os dedos na frente dos olhos da She-Ra, mas nada aconteceu. — Responda minha pergunta!

— Pergunta não compreendida — respondeu a She-Ra de uma forma séria, que mais lembrava um robô.

A Felina ficou pensando em outra pergunta por algum tempo, até que a fez:

— Você me perdoa?

— Pergunta não compreendida.

— V-você ainda me ama?

— Pergunta não compreendida.

Depois de ficar irritada e bufar, Felina saiu e fechou a cela. O que fizeram com você, pensou ela, mas seus pensamentos logo foram esquecidos por uma risada familiar, que fez a Felina subir um andar da prisão. Ela parou na frente de uma cela e viu a Sombria sentada em uma cama.

— Então tudo foi por isso? — perguntou a Sombria com um tom de deboche. — Era tudo por um amorzinho que você sentia pela Adora?

— Fique calada! — reclamou a Felina, apoiando uma mão na parede ao lado da porta da cela. — Não estou com paciência para suas provocações, Velhota.

— Sempre insolente. Se não tivesse com paciência para minhas provocações, por que parou aqui para me escutar?

— Eu...

— Não sabe o que fazer com o que está sentindo pela Adora. Acho que no final não a ensinei muito bem...

— Quer saber, Sombria? Agradeço por mesmo depois de tudo eu não ter me tornado alguém como você.

— Não quer saber como sair dessa encruzilhada? De um lado tem a sua amada Adora, que com certeza vai de odiar depois do que você fez, e do outro tem sua lealdade a Horda...

— Ela não vai me odiar! — Felina bateu na parede. — E eu ainda sou fiel a Horda.

— Será mesmo? Mesmo depois que Hordak mandar você comandar o ataque que fará Adora tirar a vida de seus próprios amigos? Mesmo depois que ela notar o que fez e por causa de quem ela chegou a fazer?

— Já chega!

Felina saiu irritada, enquanto a Sombria gargalhava.

— Hordak quer vê-la — avisou a Scorpia, no momento que a Felina saiu da prisão.

— O que ele quer? — perguntou a Felina, ainda irritada com a Sombria.

— Não sei. — Scorpia parecia pensar em algo antes de continuar: — Só estávamos fazendo o nosso trabalho. Queríamos apenas agradá-la.

Sem dar ouvidos a Scorpia, Felina seguiu seu caminho até a sala do Hordak, que estava sentando e parecia conversar com a Entrapta.

— Sua equipe me surpreendeu, Felina — disse o Hordak, enquanto a Felina subia a escadaria. — Entrapta me contou como fez para capturar a She-Ra.

— Eu vou cuidar dos detalhes do ataque — avisou a Entrapta, sem ter coragem de fitar os olhos da Felina no momento que passou ao seu lado.

— Queria me ver? — perguntou a Felina.

— Sim. — Hordak acariciou sua criatura que servia de espião na Zona do Medo. — Já passei as ordens para Scorpia liderar o ataque...

— Por que ela que vai liderar?! — Felina se espantou com a revelação.

— Ela demonstrou ser um excelente Capitã da Força e ultimamente não estou completamente certo se posso confiar em você...

— Claro que pode confiar em mim!

— Então quer dizer que não se importa se eu ordenar que a She-Ra tire a própria vida.

Felina sentiu uma dor em seu coração que a deixou sem palavras por alguns instantes.

— Não é necessário fazer algo assim... She-Ra é mais útil viva...

— Você está dizendo que isso não tem nada a ver com o que você sente pela Adora?

— Eu... não sinto nada por ela. — Felina precisou de muita força para mentir. — Posso liderar o ataque?

— Não! Você ficará aqui!

— Mas eu...

— Pretende desacatar minhas ordens?! Posso pedir para Entrapta dissecar a She-Ra...

— Não, Senhor. Eu ficarei aqui.

— Dispensada.

Felina saiu da sala. Como eu pude deixar fazerem isso com ela, pensou a Felina, ao ver a movimentação por causa do ataque.

— Ei, soldado — chamou ela, para um soldado que passava correndo.

— Sim.

— Onde será o ataque?

— No Reino da Mágica. Scorpia acha melhor enfraquecer a Rebelião antes de atacar Lua Clara novamente.

— Dispensado. — O soldado voltou a correr e a Felina ficou pensativa. — Não vou deixar a Adora sozinha. Ela pode me abandonar, mas eu não vou abandonar ela. Não agora.

A Felina saiu apressada pelo corredor. Ao chegar do lado de fora viu a Scorpia passando algumas ordens para os soldados e a Entrapta. Ela também viu a She-Ra, já em um veículo voador da Horda.

— Você poderia me levar para a batalha? — perguntou a Felina para a Scorpia. — Posso ser útil.

— Não. São ordens do Hordak.

— Como assim não?! Pensei que você gostasse de mim? — Felina forçou um sorriso.

— Eu te acho fofa, mas ordens são ordens...

Depois de soltar um longo suspiro, Felina insistiu:

— Você não seguia ordens assim antes. Boa parte de nossas vitórias foram por não seguir ordens...

— Por favor, Felina. Não insista.

Entrapta estava digitando algo em seu teclado no pulso, o mesmo responsável pelo controle da She-Ra. Felina a puxou por um dos rabos-de-cavalo e depois começou a acariciá-los, que pela expressão da Entrapta, ela estava gostando.

— Me leva com você? — pediu a Felina. — Posso ser sua assistente.

— Eu levaria, mas a Scorpia mandou eu não aceitar se você pedisse...

— Já falei que não podemos levá-la — avisou novamente a Scorpia. — Não são necessários dois Capitães da Força para lidar com uma cidade menor. Principalmente agora que temos a She-Ra.

— Eu prometo que não vou atrapalhar...

— Hordak deixou ordens claras para prendê-la, caso você insistisse em participar do ataque.

Ao perceber que não teria escolha, Felina fitou a She-Ra e tentou uma última jogada:

— She-Ra! Vamos embora!

A She-Ra ficou calada e não se moveu.

— Eu tirei o seu comando — revelou a Entrapta, demonstrando que não gostou muito da ideia por seu semblante triste. — Foram ordens do Hordak. Desculpa.

— Por que você fez isso? — perguntou a Scorpia, olhando em volta para os soldados da Horda, que pareciam esperar algum tipo de reação. — Tenho ordens claras para prendê-la, se você tentasse algo assim...

— Você não pode fazer isso! Somos amigas!

Scorpia ignorou a Felina e com um gesto mandou os soldados prendê-la.

— Não resista — pediu a Scorpia.

— Não vou resistir. — Felina estava muito irritada e saiu na frente sendo seguida por dois soldados da Horda.

— Chegou a hora! — avisou a Scorpia. — Vamos partir!

Em dentro da base da Horda, Felina escutou o som dos vários veículos militares se distanciarem.

— Vocês realmente acham que vão me prender?

Antes que os soldados pudessem responder, Felina acertou um com o cotovelo e o outro com um chute na cabeça. Foi tão rápido que eles não tiveram reação. Felina pegou um dos bastões deles e o usou para deixar os soldados inconscientes. Agora só preciso de um veículo, pensou ela, saindo correndo em seguida.

Na sala de reuniões de Lua Clara, em que já estavam presentes os membros da Aliança da Princesas, o Arqueiro e o Falcão do Mar.

— Você está propondo um plano maluco para resgatar Adora? — perguntou Serena, fitando a Cintilante. — Pois você sabe como eu sou. Eu topo!

— Não é tão simples assim — discordou a Gélida. — Não acha muito arriscado ir atrás de uma única pessoa, mesmo ela sendo a She-Ra. Talvez este seja o plano da Horda para acabar com a Rebelião; usar a Adora como isca para capturar as outras princesas. Não podemos se dar ao luxo de se arriscar sermos capturadas, já que somos as únicas que podem salvar Etéria, caso algo como o que aconteceu dias atrás ocorra novamente. Principalmente agora que não temos a She-Ra ao nosso lado.

— Eu sei! — disse a Cintilante, se levantando da cadeira. — Mas é a única opção que temos... Tenho certeza que a Adora faria o mesmo se algum de nós fosse capturado.

— Cintilante! Gélida tem razão — disse a Ângela. — Só que você também tem razão.

— Você não acha que será difícil resgatá-la? — perguntou a Perfuma. — Principalmente agora que eles têm a Entrapta ao lado deles...

— E principalmente por eles resolveram a falha de segurança da Zona do Medo da última vez — completou o Falcão do Mar. — O que não é tão ruim para mim, pois um desafio a altura é algo que eu preciso.

Serena olhou para o Falcão de forma reprovadora.

— Temos um plano novo — avisou o Arqueiro. — Conta para eles, Cintilante.

— É simples: Vamos resgatar a Adora em uma troca...

— Que tipo de troca? — perguntou a Gélida.

Ângela se levantou e respondeu:

— Eu vou ser trocada pela Adora...

— Não! — gritaram os que não estavam cientes do plano, menos Cintilante e Arqueiro.

— Não se preocupem comigo. Só vou servir de isca para a Horda trazer a Adora para fora da Zona do Medo.

— No momento que a troca for ser feita — explica a Cintilante —, eu e o Arqueiro vamos se infiltrar nas tropas para achar a espada da Adora e a Entrapta, já que vamos precisar da Entrapta também para impedir que a Horda continue fazendo progressos contra a Rebelião. Será o momento perfeito para vocês começarem um ataque.

— Netossa e Spinnerella vão proteger a rainha — completou o Arqueiro. — Vocês terão que protegê-la e cuidar da extração dela.

— Não será difícil — disse a Cintilante, ao ver os semblantes preocupados. — Com minhas habilidades de teletransporte e ao entregar a espada para Adora, com certeza tudo vai dar certo.

— Como você tem certeza que a Horda vai aceitar fazer a troca? — perguntou a Perfuma.

— Com certeza eles vão. É uma chance de capturar minha mãe e acabar com a Rebelião.

— Como você tem certeza que a Felina não vai perceber que é uma armadilha? — perguntou a Gélida. — Não sabemos nem se a Adora, no momento que escapar, vai atrás da Felina em mais uma tentativa tola de trazê-la para nosso lado. Principalmente depois que você contou como toda essa bagunça começou. Além disso, não podemos perder a rainha Ângela, já que ela é a única que consegue impedir o planeta de entrar em colapso, caso o que a Horda fez seja tentado novamente.

— Eu sei! — concordou a Cintilante, demonstrando está muito preocupada com sua amiga. — Vamos apenas trazer a Adora de volta para casa. Não como nossa mais poderosa aliada, mas como nossa amiga.

— Estamos dentro — disseram Netossa e Spinnerella ao mesmo tempo.

— Eu aceito qualquer aventura, por mais arriscada que seja — disse o Falcão do Mar.

— Serena já aceitou e eu também vou. — Perfuma avisou, sorrindo.

Todo mundo fitou a Gélida, que estava muito séria e preocupada.

— Se o plano não funcionar, quero que todos recuem para seus reinos, mas façam questão de trazer a rainha Ângela a salvo...

— Eu concordo — avisou a Cintilante, sem esconder a felicidade ao saber que a Gélida aceitou.

— Vamos se preparar — ordenou o Arqueiro, já se levantando.

— Mais um detalhe — disse a Cintilante, fazendo todos olharem para ela. — Se não tivemos chance de capturar a Entrapta, se lembrem que nossa prioridade é a Adora.

— Tomem cuidado. — Ângela, fitou sua filha.

Antes que todos pudessem sair, uma General de Lua Clara entrou correndo na sala.

— Desculpe, Majestade. Eu tenho péssimas notícias. O Reino da Mágica solicitou ajuda da Rebelião, mas precisamente de Lua Clara. Foram avistados um forte contingente da Horda se aproximando de um dos acessos do reino e entre os inimigos foi visto a She-Ra.

— Mudanças de plano! — A rainha não conseguiu esconder sua preocupação e a notícia acabou com toda a esperança que eles tinham no plano de resgate. — Precisamos ajudar o Reino da Mágica.

— Não fiquem desanimados — pediu a Cintilante. — Temos uma chance de resgatar a Adora sem precisar colocar minha mãe em perigo.

Todos concordaram balançando as cabeças.

— Vamos se preparar! — ordenou o Arqueiro, sendo seguido pelas princesas.

O que a Horda quer com o Reino da Mágica? Pensou a rainha.

No Reino da Mágica. Na torra mais alta. A Rainha observava por monitores mágicos o avanço das tropas inimigas. Ela viu a She-Ra e pensou o que ela fazia ao lado do inimigo.

— Majestade — chamou um guarda do Reino da Mágica. — O que vamos fazer?

— Defender a cidade. Não importa se a She-Ra está do lado deles, não vamos desistir sem lutar.

No acesso, o mesmo usado por Adora e seus amigos dias atrás para chegar no Reino da Mágica, os primeiros blindados da Horda apareciam de entre as árvores. Um pouco distante estava o veículo com a Scorpia. O da She-Ra e da Entrapta estava logo atrás. Entrapta parecia muito concentrada com seu teclado.

— Atacar! — ordenou a Scorpia.

Os blindados da Horda tiveram seus canhões apontados para as nuvens e logo uma onda de disparos começou, mas os disparos não eram projeteis verdes e sim raios de energia avermelhados. As nuvens foram se dissipando revelando o Reino da Mágica, que tremia com os ataques.

Vários magos se posicionaram na frente do escudo mágico e começam a criar esferas de energia branca, que eles lançaram contra os blindados, fazendo alguns explodirem e outros serem inutilizados.

— Agora! — gritou a Scorpia, se abaixando por causa das explosões mágicas.

De entre as árvores saíram vários soldados disparando com rifles contra os magos. Os rifles eram brancos e seus disparos eram rajadas de energia avermelhadas. Muitos magos caíram, mas logo um outro grupo fez um escudo de magia menor para protegê-los, o que os permitiu continuar o ataque contra os blindados. Mas de entre as árvores também saíram os robôs esféricos da Horda, que estavam atualizados com o mesmo tipo de ataque que a Entrapta tinha colocado em seu robô mascote. Os disparos atingiam o escudo do reino, que começou a rachar em várias partes.

Na torre mais alta do reino. A Rainha se segurava por causa do tremor dos ataques.

— O escudo está caindo! — avisou um guarda.

— Continuem resistindo! Mesmo com a She-Ra ao lado deles, eles ainda precisarão conseguir alguma forma de chegar até aqui.

Os magos continuavam atacando, mas Horda também não dava trégua. Os feridos da Horda eram arrastados pelos seus companheiros, que uma hora o outra paravam para disparar. O mesmo era com o lado do Reino da Mágica.

— Agora é uma boa hora, Entrapta! — gritou a Scorpia, se abaixando para se proteger dos ataques dos magos.

— Sim! Já estou mandando ela!

She-Ra pulou do veículo voador em que estava e saiu correndo. Os magos tentaram atingi-la, mas foi inútil, pois ela pegou uma imensa rocha e a foi usando como escudo até chegar à beira do precipício. No momento que a rocha estava se degastando pelos disparos mágicos, She-Ra a jogou contra o escudo do reino. Ela apontou a espada para o escudo e no momento que os magos viram começaram a focar seus ataques nela, mas para a surpresa de todos, os robôs da Horda entraram na frente, sendo sacrificados para protegê-la. Pelas risadas da Entrapta, estava claro que era obra dela.

— Quebre o escudo! — mandou a Scorpia, fazendo a She-Ra disparar uma rajada de energia por sua espada.

Na torre do reino.

— O escudo não vai resistir muito contra o ataque da She-Ra — avisou um guarda para a Rainha.

— Eu sei. Por que você está lutando a favor deles, She-Ra? — A Rainha, com um gesto, fez a imagem de um dos monitores se aproximar do rosto da She-Ra, foi neste momento que ela notou algo de diferente. — Os olhos dela estão vermelhos.

— O que devemos fazer?!

— Mande as tropas recuarem e se prepararem para contra-atacar assim que o escudo cair. Eles terão que vir até aqui.

O escudo do reino já estava quase todo rachado, quando os magos recuaram, fazendo a Horda pensar que estavam ganhando. Finalmente o escudo caiu se quebrando como se fosse de vidro.

— Agora os ganchos! — gritou a Entrapta, adivinhando o que a Scorpia ordenaria.

Vários outros blindados foram saindo de entre as árvores, o que fez alguns magos ficarem preocupados, pois nem eles sabiam que a Horda tinha um contingente tão grande. Os novos blindados que se juntavam a batalha não disparavam rajadas energéticas, mas sim, imensos ganchos com correntes que poderiam serem usadas como pontes. Os ganchos se prendiam ao chão do Reino da Mágica, forçando alguns magos a tentar tirá-los, mas era inútil, o que os fizeram atacar os blindados.

— Protejam os ganchos! — Ordenou a Scorpia, fazendo uma nova onda de disparos começar.

Alguns blindados com ganchos eram destruídos, preocupando a Entrapta.

— Não! Não! Não! Eu preciso de pelo menos 75% deles!

— Entrapta! — chamou a Scorpia, que desceu de seu veículo antes que um ataque a atingisse. — Já tem o que precisa?!

— Ainda está em 40%, mas eles estão destruindo tudo.

Scorpia subiu no veículo da Entrapta.

— Mande a She-Ra distrai-los!

De repente a She-Ra saiu de sua posição inerte, recuou, saiu correndo e deu um imenso pulo em direção ao Reino da Mágica. Os magos ficaram sem reação ao vê-la passando por cima deles. Com um simples corte horizontal com sua espada, She-Ra lançou os magos para longe, mesmo sem eles serem atingidos. A Horda aproveitou e já preparou outro truque; vários soldados subiram nos ganchos e os usaram como pontes para chegar até o reino, mas os magos tentavam se proteger como podiam derrubando-os.

Um mago viu seus companheiros caindo devido aos ataques da She-Ra, que parecia não sentir os ataques mágicos.

— Pelo Reino da Mágica! — gritou o mago, avançando, mas logo sendo lançado longe por um corte horizontal da She-Ra.

— Ainda falta muito, Entrapta?! — perguntou a Scorpia, enquanto disparava com um dos novos rifles da Horda.

— 56% — respondeu a Entrapta, enquanto a Scorpia a puxou para defendê-la de um ataque que vinha em sua direção.

Um novo grupo de mago conseguiu avançar. Eles fizeram um gesto como se estivem segurando um arco e uma flecha de magia branca surgiu. Ao soltarem as flechas mágicas, elas foram lançadas contra as tropas da Horda.

O som da batalha era ensurdecedor; pessoas gritavam por ajuda, outras gritavam gritos de guerra e o som das explosões deixaria qualquer um louco se não tivesse preparação para uma batalha como aquela.

A She-Ra continuava a derrotar facilmente os magos, encurralando alguns em um beco sem saída. Os magos eram jovens e estavam apavorados, mas no momento que a She-Ra foi atacar, ela acabou sendo lançada para longe. Depois que a fumaça se dissipou os magos viram a Rainha, que flutuava e já tinha duas esferas de magia branca nas mãos.

— Vão ajudar os outros magos com os ganchos! — ordenou a Rainha, fazendo os magos saírem correndo e passando aos lados da She-Ra, que não os atacou, pois ela apenas observava a Rainha. — Não sei como eles estão te controlando, mas não vou deixar meu reino cair nas mãos da Horda, mesmo que eu tenha que detê-la.

A Rainha e a She-Ra avançaram, uma explosão mágica lançou poeira e destroços por várias partes. She-Ra tinha tentado atingir a Rainha com a espada, mas ela se protegeu, criando um escudo branco de magia. A Rainha atirou um ataque mágico em forma de esfera que lançou a She-Ra para o ar, depois ela levantou uma mão e outra esfera levou a She-Ra até o chão causando uma explosão. Os magos não precisavam presenciar a luta para saber o que estava acontecendo.

— Temos 80% — avisou a Entrapta para a Scorpia.

— Podem começar! — ordenou a Scorpia, sem esconder seu sorriso de vitória.

A poeira do ataque da Rainha tinha se dissipado e ela viu que a She-Ra ainda estava de pé.

— Adora! Você tem que despertar!

Antes que um novo ataque entre as duas começasse, um tremor sacudiu todo o Reino.

— Eles estão içando todo o reino — reparou a Rainha.

Os ganchos começaram a serem puxados por uma imensa máquina, que parecia comer as imensas correntes dos ganchos. O Reino da Mágica estava sendo puxado lentamente, o que fez os magos se esforçarem mais para destruir os blindados, mas era inútil, pois a Entrapta acionou o novo truque da Horda; vários robôs esféricos passaram voando por cima dos magos. Eles soltavam bombas que feriam e afastavam a todos, forçando-os a procurarem abrigos.

— Agora é só questão de tempo — comemorou a Scorpia, colocando o rifle ao seu lado, já que os ataques inimigos acabaram.

A luta entra a She-Ra e a Rainha continuava com várias explosões e o reino finalmente atingiu a encosta do ponto de acesso, causando um grande tremor que derrubou algumas torres. No momento que o reino parou de se mover, vários soldados da Horda avançaram facilmente até ele. Os magos corriam para se proteger e logo, a batalha se tornou uma batalha urbana, com magos e soldados da Horda usando casas e prédios para dispararem pelas janelas. O Reino da Mágica estava perdendo.

— Atacar! — gritou a Cintilante, montada no Ventania. Ela estava com sua armadura do dia que a Horda atacou Lua Clara e com o cetro de seu pai.

Uma força composta por pessoas dos reinos da Perfuma, da Serena, de Lua Clara e até do reino da Gélida, avançou atacando a Horda, que estava no Reino da Mágica. Arqueiro, com a armadura do dia que a Horda atacou Lua Clara, chegou em um barco voador controlado pelo Falcão do Mar. Arqueiro disparava suas flechas nos robôs voadores, fazendo os cair.

— Não vamos perder! — gritou a Scorpia, pegando o rifle. — Temos a She-Ra ao nosso lado.

As tropas da Horda se viram forçados a recuarem, devido aos ataques das princesas. Alguns eram congelados, outro eram envolvidos em plantas e até Netossa e Spinnerella ajudavam com seus poderes. Serena também estava no barco voador do Falcão do Mar. Ela riu e atrás dela haviam vários barris com água, que ela usou seus poderes para controlar a água e a lançar contra as tropas da Horda.

— Chame a She-Ra! — ordenou a Scorpia.

Entrapta não pensou duas vezes e digitou algo no teclado, fazendo algo cruzar os céus, que ao cair, levantou muita poeira. Todos ficaram surpresos ao ver a She-Ra, que estava com alguns ferimentos superficiais no rosto, devido a luta contra a Rainha.

— Adora! — gritou a Cintilante, enquanto o Ventania se aproximava.

— Tem alguma coisa de errado — avisou o cavalo, esquivando de um ataque de energia da espada da She-Ra. — Acho que ela realmente está sendo controlada pela Horda.

— Não pode ser! Adora! Sou eu, a Cintilante!

She-Ra não respondeu, apenas atacou a amiga, que acabou caindo do Ventania, mas ela se teletransportou antes de atingir o chão. Antes de levar um golpe do punho da She-Ra, uma flecha salvou a Cintilante. Flecha que acertou o ombro da She-Ra, mas não a feriu.

— Ela está sendo controlada! — avisou o Arqueiro, já preparando outra flecha.

— Vamos tentar distrai-la — disse a Gélida, tentando congelar as pernas da She-Ra. — Acho que a Scorpia e a Entrapta estão no controle.

Cintilante segurou no braço do Arqueiro e os teletransportou para frente do veículo em que estavam Scorpia e Entrapta.

— Se rendam! — ordenou a Cintilante, apontando o cetro do pai dela para as duas.

— Não esperava que você, Entrapta, participasse de algo assim — comentou o Arqueiro apontando uma flecha para a Entrapta.

— Mesmo que você consiga nos derrotar, She-Ra vai acabar com vocês — provocou a Scorpia. — Se Segura, Entrapta!

Scorpia acelerou o veículo fazendo a Cintilante ser forçada a teletransportar ela e o amigo para escaparem. Ela viu a Entrapta digitar algo no teclado no pulso, deixando claro que ela controlava a She-Ra por aquele dispositivo.

— Temos que destruir aquilo — avisou a Cintilante para o Arqueiro, que já preparou para atirar uma flecha.

A flecha seguia perfeita até o teclado, mas a Scorpia viu e puxou a Entrapta de lado. As outras princesas estavam perdendo a luta contra a She-Ra, que parecia não sentir nenhum ataque. Cintilante se teletransportou para o lado da Entrapta, deixando todos surpresos, momento que ela usou para usar seu ataque de luz no teclado, que foi destruído soltando faíscas, fazendo a Entrapta o tirar as pressas. Bem a tempo de parar a She-Ra, que se preparava para dar um soco na Serena, caída de joelhos na frente dela.

— Conseguimos! — Comemorou a Cintilante, ao ver a She-Ra cair de joelhos na frente da Serena.

— O que vocês fizeram?! — perguntou a Entrapta, de uma forma tão preocupada que deixou até a Scorpia com medo. — Não podiam destruir a única forma de controlar a She-Ra...

— Como assim, Entrapta?! — questionou a Cintilante.

— Vocês não entendem? Agora ela não vai reconhecer o que é amigo ou inimigo. Não teremos como pará-la. Ela está usando sua força máxima, nem com todas as princesas poderemos parar ela. She-Ra vai matar todos nós...

— Por que você fez uma coisa dessas?! — questionou a Cintilante. — Olha a destruição que você causou e mais isso!

Ao olharem para a She-Ra, viram que ela se levantou. Seus olhos ainda estavam vermelhos. Antes que a Serena acabasse atingida por um corte na horizontal de espada, Gélida criou um parede de gelo, o que deu tempo suficiente para o Falcão do Mar salvar a Serena.

— Adora está fora de controle! — avisou a Cintilante que tinha se teletransportado com o Arqueiro.

— O que vamos fazer? — perguntou a Perfuma.

— Temos que fazê-la dormir — respondeu a Cintilante, disparando seus ataques de luzes contra a She-Ra, que não sentia nada.

Gélida jogou várias estacas de gelo na She-Ra, mas era inútil. Perfuma tentava segurá-la com plantas, mas a She-Ra cortava as plantas com sua espada. Ao enfiar a espada no chão, uma onda de energia lançou todos para longe. Arqueiro se levantou e atirou várias flechas na She-Ra, mas era inútil. Serena tentou tirar o ar da She-Ra controlando água para ficar em volta da cabeça dela, mas um disparo de energia causou uma explosão que lançou Serena para longe. Falcão viu a Serena caída e pegou um dos rifles da Horda e começou a disparar, mas era inútil. Gélida tentou soterrar a She-Ra com gelo, mas ela desviou e acabou atingido a princesa com uma rajada da espada. Arqueiro tentou segurar a Gélida no ar, mas a força do ataque o lançou para longe com ela.

— Para, Adora! — gritou a Cintilante, montada no Ventania. — Você está machucando seus amigos.

As palavras de Cintilante eram inúteis e no momento que a She-Ra tentou disparar contra a Cintilante, uma explosão a impediu. Os blindados da Horda que sobraram estavam abrindo fogo contra a She-Ra, enquanto a Scorpia segurava um rifle branco, que a Cintilante o reconheceu, mas algo estava errado, pois a Entrapta trabalhava desesperadamente nele, usando até seus cabelos como mãos. Alguns magos e membros das forças do vários reinos se uniram a investida contra a guerreira, que parecia não sentir os ataques.

— Está pronto, Entrapta?! — perguntou a Scorpia, enquanto a She-Ra destruía a última resistência contra ela.

— Sim!

O projetil seguiu até atingir a She-Ra no pescoço. Ela parou de atacar e parecia que cairia, mas ela apenas se recobrou e tirou o dardo do pescoço como se não fosse nada.

— Não funcionou! — gritou a Scorpia, ao ver a She-Ra vindo correndo na sua direção.

No momento que a She-Ra iria atingir a Scorpia e a Entrapta, Cintilante se teletransportou e se segurou nas duas, se teletransportando em seguida. O som da explosão do golpe da She-Ra foi escutado por todos e uma onda de poeira se espalhou.

— Você me salvou? — perguntou a Scorpia, caindo no chão junto com a Entrapta.

— Tem alguma ideia como detê-la, Entrapta? — perguntou a Cintilante.

— Talvez um ataque muito poderoso.

Netossa jogou uma rede na She-Ra.

— Pensem em algo logo! A minha rede não vai aguentar muito.

Como se tivesse escutado o pedido da Netossa, a Rainha do Reino da Mágica chegou flutuando de forma irregular.

— Tia?! — chamou a Cintilante, correndo para ajudar sua tia que estava ferida.

— Um ataque muito poderoso? — perguntou a rainha.

— Seria perfeito — respondeu a Entrapta, ao ver todos se preparando para lutar contra a She-Ra.

— Isso não vai matá-la? — perguntou a Cintilante.

— Não. — Entrapta parecia fazer alguma espécie de cálculo. — Para a She-Ra será como um pequeno golpe, mas será o suficiente para detê-la.

— Eu tenho um último truque na manga — avisou a Rainha. — Mas preciso de tempo para conjurar a magia.

— Vamos conseguir tempo para você — disse o Arqueiro.

A rede se rompeu e todos avançaram, até a Scorpia e a Entrapta. She-Ra avançou contra eles, mas uma rajada de gelo a parou por alguns instantes, só que com um corte de sua espada, Gélida foi lançada para longe. Arqueiro e Falcão começaram a disparar; um com flechas e o outro com um rifle. Os disparos pareciam só servirem para irritar a She-Ra.

— Vou tentar o meu veneno! — avisou a Scorpia, avançando pelas costas da She-Ra.

O veneno pareceu não surtir efeito e a She-Ra transformou sua espada em escudo para defender os disparos, enquanto pegou a Scorpia pela cauda, no momento que ela tentou escapar. Depois She-Ra jogou a Scorpia em cima do Falcão e do Arqueiro. Entrapta plantou uma bomba nas costas da She-Ra, que ao explodir lançou muita poeira, mas não surtiu efeito, fazendo a She-Ra perseguir a Entrapta, que correu jogando várias bombas pelo caminho. Para ganhar velocidade, Entrapta usou seus cabelos como braços para fugir como um gorila.

— Já chega, Adora! — gritou a Cintilante, se teletransportando para a frente da amiga. — Não vou deixar você matar mais ninguém!

She-Ra parou e tentou acertar a Cintilante que se teletransportou e usou o ataque de energia do cetro nela. Ela se teletransportou de novo e usou o ataque novamente e ficou repetindo, pois parecia surtir algum tipo de efeito, deixando a She-Ra confusa, mas no momento que a Cintilante se teletransportou para as costas da She-Ra, todos ficaram surpresos, pois a She-Ra a segurou pelo pescoço no momento certo. Cintilante tentou se teletransportar, mas não conseguiu e a força que a guerreira exercia sobre ela era forte, a fazendo tentar se soltar se debatendo. A Cintilante sacudia as pernas e preparava mais um ataque com o cetro, mas o acabou o soltando.

— N-não c-consigo r-respirar — disse a Cintilante, com muita dificuldade e parando de se debater.

Ventania tentou aplicar um coice na She-Ra, que apenas o pegou pelo rabo e o jogou para longe. Todos começaram a ficarem desesperados. Gélida tentou congelar as pernas da She-Ra, mas era inútil. Netossa e Spinnerella tentaram um ataque, mas logo foram atingidas pelo corpo do Falcão que foi lançado sobre elas. Ele ainda chegou a agradecer por elas o terem pego. Serena continuou lançando o que sobrava de água contra a She-Ra, mas um ataque de espada a lançou para longe. Perfuma tentou puxar a She-Ra pelos braços, mas era inútil e logo ela foi lançada para longe e ao se levantar acabou sendo atingida pela Gélida. Até Scorpia e Entrapta tentaram bater no braço da She-Ra para ela soltar a Cintilante, mas era inútil e logo elas foram lançadas para longe.

— Não posso deixar ela matar minha sobrinha — avisou a Rainha, quase parando seu último ataque.

De repente um vulto passou por eles e todos ficaram surpresos ao verem o braço da She-Ra com vários cortes sagrando, o que a forçou a soltar a Cintilante, que caiu nos braços da Felina, que parecia ferida.

— Saia daqui — mandou a Felina para a Cintilante.

— Felina! Você está ferida! Como pretende deter ela assim?

— Não foi tão fácil conseguir fugir do Zona do Medo, mas não se preocupe comigo. — Felina sorriu para a Cintilante. — Desculpe pela demora.

Os braços e pernas da She-Ra foram presos por plantas e gelos. Netossa fez várias redes, que os outros usaram para jogar na She-Ra e começaram a puxá-la.

— Ela é muito forte! — avisou a Spinnerella.

— Vocês precisam de tempo para salvar a Adora? — perguntou a Felina.

— Sim, mas...

— Eu vou conseguir tempo, Cintilante. — Felina parecia diferente da que a Cintilante tinha conhecido nas batalhas contra a Horda.

— Mas...

— Espero que um dia você possa falar para a Adora o que eu vou falar para você...

— Não! Você mesmo vai poder falar para ela!

— Diga que eu estive errada. Achei que a Adora era fraca por causa dos seus sentimentos e por causa de seus amigos, mas... na verdade ela é a pessoa mais forte que eu conheço. Agora entendo de onde vem a força de alguém. São das pessoas a sua volta. As pessoas que te apoiam, te ajudam e que... te amam. — Felina fitou bem a She-Ra. — Adora é a pessoa mais forte que eu conheço.

Cintilante já estava com os olhos cheios de lágrimas. Ela olhou em volta e viu seus amigos, não só seu, mas os amigos da Adora também, que estavam tentando fazer o impossível para salvá-la. Cintilante entendeu o que a Felina queria dizer e sabia o que ela pretendia.

— Não faça isso! — disse a Cintilante, sem conter as lágrimas, que se intensificavam.

— Espero que um dia você e toda a Rebelião possa me perdoar. Agora vá!

Mesmo relutante, Cintilante se teletrasportou no momento que a She-Ra se livrou, jogando todos para longe. A tia da Cintilante não entendeu as lágrimas da sobrinha, que ficou de joelhos na sua frente.

— Oi, Adora — disse a Felina. — Vejo que Entrapta e a Scorpia não foram muito legais com você.

Felina ficou em posição de luta. She-Ra pegou a espada para atacá-la. De repente um silêncio sepulcral dominou o campo de batalha. Lágrimas surgiram nos olhos de todos e eram como se o tempo tivesse parado. Todos olharam para a Felina e a She-Ra.

— Me perdoa? — pediu a Felina, com muito sangue saindo de sua boca.

Ela estava abraçada a She-Ra, que tinha a atravessado no abdome com sua espada. O sangue da Felina começava a tingir a espada e as roupas da She-Ra. Logo o chão próximo a elas começou a ficar vermelho com as gotas que caiam.

— Agora! — gritou a Rainha, abaixando uma mão fazendo uma imensa esfera de magia branca atingir a She-Ra. Uma imensa explosão lançou destroços e muito poeira por todas as direções. Todos tiveram que se protegerem da onda da explosão.

Ao se dissipar a poeira, She-Ra tinha voltado a ser a Adora e seus olhos estavam azuis novamente. Ela viu a Felina abraçada a ela sorrindo, foi neste momento que ela se deu conta que tinha atravessado a Felina com sua espada e que, se não fosse a She-Ra recebendo a maior parte do ataque, com certeza Felina já teria morrido com o ataque da Rainha.

— F-Felina! — gritou a Adora. — Não! Felina! O que eu fiz?! O que aconteceu?!

Adora retirou a espada e a jogou longe, depois ela segurou a Felina, que abriu os olhos e voltou a sorrir. Com dificuldade ela arrumou uma mecha de cabelos da Adora.

— E-eu s-salvei v-você...

— Não se esforce. Eu vou pedir ajudar. — Adora começou a ficar desesperada e seus olhos estavam cheios de lágrimas. — Socorro! Alguém me ajuda!

O local onde elas estavam ficou muito danificado pelo ataque da Rainha, por isso uma parte cedeu, fazendo a duas deslizarem em direção ao fundo do precipício, mas a Adora se segurou com uma mão e a outra segurou a Felina.

— Sempre acabamos assim — disse a Felina, sorrindo, mesmo com toda a dor que sentia. — Acho que é por vivermos sempre à beira do precipício.

— Não se esforce. Eu vou tirar a gente desta.

— Me desculpa por tudo. — Felina estava aos prantos. — Não queria que tudo terminasse assim... — Ela tossiu sangue. — Eu fui uma estúpida em não saber como lidar com o que sentia por você... Só espero que você possa me perdoar de tudo o que eu fiz.

— Eu te perdoou, mas não se esforce.

— Prometa que vai seguir em frente? Que vai amar outra pessoa e ter uma vida feliz ao lado dessa pessoa?

— Não! — As lágrimas da Adora caiam no rosto da Felina. — A única pessoa que eu amo é você e vou te amar para sempre. Só existe espaço para você em meu coração...

Felina soltou um último sorriso e se soltou ao ver que o local poderia desmoronar ainda mais.

— Eu te amo — disse ela, enquanto caia sorrindo no abismo.

— Nãooooo! Felinaaaa! Nãoooo! — Adora só viu sua amada sumir entre as nuvens.

Umas plantas começaram a içar a Adora, que continuou a gritar o nome da Felina. Ao ser colocada em um local mais seguro. Adora ficou de joelhos chorando. Ela começou a bater no chão com os punhos.

— Por que você fez isso?! Felina! Felina! Eu... te amo!

Cintilante abraçou a amiga para confortá-la. O clima estava muito triste. Até Scorpia e Entrapta estavam abaladas com o que aconteceu.

— Podemos salvá-la — sugeriu a Adora. — É só usar o Ventania, ou seus teletransportes, Cintilante...

— Não, Adora. Felina estava muito ferida. Não tem como ela ter sobrevivido.

Ao olhar em volta, Adora notou que todos seus amigos estavam com lágrimas em seus rostos, como se eles sentissem a dor que ela estava sentindo naquele momento.

— Podemos salvá-la... Eu... preciso dela... Eu amo ela...

Devido ao desgaste da batalha, Adora acabou ficando inconsciente.

— Ventania! — chamou a Cintilante. — Precisamos levar a Adora para Lua Clara o mais rápido possível.

Arqueiro ajudou a colocar a amiga nas costas do cavalo.

— O que tem lá embaixo, tia? — perguntou a Cintilante olhando para a direção que a Felina caiu.

— Ninguém sabe e mesmo que ela tenha sobrevivido a queda, os ferimentos foram muitos.

Antes de partir com a Adora e o Ventania, Cintilante suspirou.

— E-ela morreu? — perguntou a Scorpia, muito abalada com o que aconteceu.

— Sim! — respondeu o Arqueiro, demonstrando está muito irritado, o que deixou seus amigos surpresos. — E boa parte foi sua culpa e da Entrapta.

— Não queria que ela morresse — disse a Entrapta, quase chorando.

— Vão para seu buraco na Zona do Medo! — mandou o Arqueiro, deixando novamente todos surpresos. — Vão cuidar dos seus feridos e mortos, antes que eu me arrependa de deixá-las irem!

— Vamos Entrapta — ordenou a Scorpia.

Entrapta ficou pensando se deveria ir. Ela se virou para seus antigos amigos e pediu:

— Desculpa. Não queria que a Felina morresse. Não queria que ninguém morresse.

— Vamos Entrapta! — ordenou novamente a Scorpia, fazendo a Entrapta correr atrás dela.

— Muita gente morreu — comentou a Rainha —, mas a morte mais sentida foi a da Felina. Quem diria que uma inimiga da Rebelião teria sua morte tão sentida por todos, principalmente na própria Rebelião. — A Rainha olhou para o precipício e sorriu. — Você se redimiu e não será esquecida. Eu prometo. Ninguém vai se esquecido.

— Adora, não vai acordar? — perguntou alguém, de forma carinhosa com uma voz muito familiar para Adora. Era a voz da Felina.

Ao abrir os olhos, Adora se viu em seu quarto em Lua Clara. Ela estava deitada de lado em uma cama grande e confortável. Ela notou que era uma manhã agradável, com uma brisa que balançava uma cortina branca na grande janela, mas o que chamou mais a atenção da Adora, foi ver a Felina, sorrindo e deitada de lado logo na sua frente. Adora não sabia como reagir ao ver sua amada na sua frente e seus olhos logo se encheram de lágrimas, o que deixou a Felina confusa.

— O que foi, Adora?

Antes de responder, Adora abraçou a Felina e começou a beijá-la no rosto e na boca. Ela não queria soltá-la por nada, mas a Felina acabou reclamando:

— Já chega! O que aconteceu com você?

— V-você realmente está aqui? — Adora soltou a Felina, que se sentou na cama.

— Claro que estou. Sempre estive. — A Felina sorriu e foi examinar a cabeça da Adora. — Será que está tudo bem com sua cabeça?

— Eu estou bem — respondeu a loira, ainda com os olhos cheios de lágrimas. — Eu não entendo. Como assim sempre esteve aqui?

— Não se lembra? — Felina se levantou e foi dar uma arrumada em seus cabelos.

— Você tinha...

Depois de dar um soco na mão ao se lembrar de algo, Felina deduziu:

— Está fazendo isso para me lembrar do nosso aniversário?

Adora não sabia o que dizer e fez que sim com a cabeça.

— Quer que eu conte como ficamos juntas. — O sorriso da Felina parecia hipnotizar a Adora, que queria segurá-la em seus braços e nunca mais soltá-la. — Acho que ainda temos tempo antes da Cintilante invadir nosso quarto com o Arqueiro.

— Me conte tudo — pediu a Adora, se sentando, o que fez a Felina se sentar ao lado dela e fitar bem seus olhos.

— Naquele dia, na clareira. Entrapta e Scorpia tentaram fazer alguma coisa com você, mas eu fui mais rápida e peguei um dardo venenoso antes que ele o atingisse. Foi por pouco. — Felina parecia triste ao se lembrar. — Naquele momento percebi o que eu estava fazendo de errado; sempre te machucando e a afastando de mim. Uma sensação de perdê-la para sempre me dominou... — Os olhos dela se encheram de lágrimas. — Não poderia viver sem a pessoa que eu sempre amei. Nunca conseguiria viver sem você ao meu lado. Depois disso foi fácil eu ser aceita na Rebelião, principalmente no momento que a Rainha Ângela descobriu o motivo da minha mudança de atitude...

— Como estão todos? — perguntou a Adora, ainda com os olhos cheios de lágrimas.

— Estão bem. Conseguimos derrotar a Horda com minhas estratégias e com a She-Ra. Agora os que sobraram não passam de pequenos grupos, que ao aparecem são facilmente derrotados pelos guardas de cada reino. — Felina riu ao se lembrar de algo. — Por isso já faz tempo que você não se transforma na She-Ra.

— Não consigo acreditar — disse a Adora, abraçando a Felina.

— O que eu não consigo acreditar é como ficou a Zona do Medo, ou a Floresta das Princesas, como foi renomeado pelo Arqueiro, logo depois que Perfuma cobriu o lugar com plantas. Claro que a Gélida teve um pouco de trabalho para acabar com as erupções vulcânicas, mas os cálculos da Entrapta estavam certos...

— Entrapta?! Ela voltou para o nosso lado?

— Sim. Foi no dia que eu salvei você do dardo. Ela percebeu que poderia machucar muitas pessoas com seus experimentos. — Felina riu antes de continuar: — Na verdade ela falou que parou para não me machucar, já que odiaria me ver triste ao tirar a coisa que eu mais amo de perto de mim. Acho que a Entrapta gosta de mim, ou algo assim.

As duas acabaram rindo, enquanto a Felina se levantou para terminar de se arrumar, mas ela acabou sendo surpreendia pelo puxão da Adora, que voltou a abraçá-la e beijou seus lábios.

— Eu te amo.

Cintilante de repente se teletransportou para o quarto, mas as duas continuaram abraçadas.

— Adora! Você tem que acordar! — gritou o princesa de Lua Clara, deixando a amiga confusa.

— Eu já estou acordada.

— Adora! Acorda, Adora!

A loira sentiu algo quente em suas roupas.

— Adora! Acorda! — gritou a Felina, que estava com muito sangue saindo de sua boca e o mesmo era de uma grande ferimento no abdome.

— Nãoooo! Felinaaa! — gritou a Adora, enquanto ela viu suas roupas e mãos se sujando de sangue. — Não me deixe! Felina! Eu te amo.

De repente, Adora abriu os olhos. Ela estava deitada de costas em seu quarto em Lua Clara, mas não na grande cama e era começo de tarde. Em volta dela estavam Cintilante e Arqueiro, que pareciam muito felizes ao vê-la acordada.

— Cadê a Felina? — Foi a primeira coisa que a Adora perguntou, ignorando a dor que percorreu seu corpo ao ficar sentada.

Cintilante e Arqueiro ficaram bem tristes.

— E-ela se foi? — insistiu a Adora, já com dois caminhos de lágrimas percorrendo seu rosto.

— Sim — respondeu o Arqueiro.

— Ela se sacrificou para poder salvá-la — completou a Cintilante. — Ela era uma pessoa incrível. Agora sei o motivo de você nunca ter desistido dela...

— Eu não queria que ela se sacrificasse por mim... Eu apenas quero ela aqui comigo... Eu a amo. — Adora ficou aos prantos e seus amigos só puderam abraçá-la para confortá-la. Eles se esforçaram muito para não chorarem também, mas não conseguiram ao ver a amiga daquele jeito.

Os três ficaram ali por um bom tempo, sem dizer nada, apenas abraçados, até a Adora quebrar o silêncio, logo depois que enxugou as lágrimas com as costas das mãos:

— Eu sonhei com ela... Felina estava muito feliz. Nós morávamos aqui em Lua Clara.

— Com certeza era o que ela iria fazer — disse o Arqueiro.

— Se ela não tivesse ido — completou a Cintilante, que se soltou do abraço. — Desculpe, mas precisamos de você, Adora. Não como She-Ra, mas como nossa amiga. Você dormiu por uma semana.

— Acho que o maior machucado foi o do coração — disse o Arqueiro, se soltando do abraço. — Cintilante! Não apresse a Adora. Ela precisa de um tempo. Vamos deixar ela sozinha um pouco.

— Mas eu sentir a falta dela...

— Vamos, Cintilante!

Depois de bufar, Cintilante teletransportou-se com o Arqueiro para fora do quarto, deixando a Adora, que não parava de pensar na Felina, mas logo ela se levantou como se tivesse uma ideia. Adora pegou sua espada, foi até a janela e gritou:

— Ventania! Ventania!

Logo o cavalo alado chegou voando, sem esconder a alegria de ver a Adora em pé. Ela acariciou o Ventania.

— Você melhorou? — perguntou o cavalo.

— Sim. Poderia me fazer um favor?

— Claro.

— Me leve até a cidadela?

Ventania parecia relutante, mas acabou cedendo se abaixando para que a Adora pudesse montar nele.

— Obrigada, Ventania.

Os dois saíram rapidamente em direção da Floresta do Sussurro e depois de alguns minutos de uma viagem silenciosa, finalmente eles estavam na porta da cidadela.

— Se precisar de algo é só me chamar — avisou o cavalo, antes de levantar voo, enquanto a Adora observava a porta.

— Obrigada.

Depois de reunir coragem, Adora abriu a porta. Ela já foi entrando esperando encontrar um holograma, mas foi surpreendida na sala principal pela Esperança da Luz, que parecia esperar por ela.

— O que você fez? — perguntou a loira, se aproximando da Esperança da Luz. — Eu sei que o sonho foi obra sua.

— Desculpe...

— Apenas responda minha pergunta — insistiu Adora, com os olhos cheios de lágrimas.

— Não sabia quais seriam as consequências. — Começou a explicar a Esperança da Luz, que saiu caminhando com a Adora a seguindo pelos corredores. — Eu queria que você descobrisse os riscos que corria ao não se desapegar de seus amigos e... amor. Por isso mandei duas mensagens, uma para você e a outra para a Felina...

— Você induziu a gente a se apaixonar?

— Não. As mensagens só traziam aquilo que vocês já sentiam em seus interiores. Desculpe por não saber quais seriam as consequências...

Adora se irritou e pegou a espada e apontou para a Esperança da Luz, que mesmo sendo uma espécie de holograma avançado, parecia ter ficado com medo, mas a Adora abaixou a espada, desapontada com a Esperança da Luz.

— Eu quase destruir tudo... Matei várias pessoas e... — A loira ficou aos prantos. — Felina se foi por causa da sua mensagem. Você não deveria tentar intervir na vida das pessoas assim...

— Mesmo que eu não tivesse mandado a mensagem, o que as duas sentiam uma pela outra continuaria. Podendo fazer a Felina, ou até mesmo você, se consumirem por esse sentimento. Não podia deixar a She-Ra se perder dessa forma...

— Já deixei claro que não vou ser uma She-Ra como as outras! Serei a She-Ra do meu jeito...

— Você é a She-Ra mais forte que eu conheci. Seu poder vem das pessoas ao seu lado. Desculpe, mas eu estava errada em querer que você fosse como as outras...

Adora deu as costas para Esperança da Luz e saiu da cidadela, sendo surpreendida pelo Ventania, Cintilante e Arqueiro.

— Achamos você — comemorou a princesa de Lua Clara, forçando um grande sorriso.

— Eu já estava voltando — avisou a Adora, um pouco desanimada, enxugando as lágrimas com as mãos.

— Temos um presente para você — revelou o Arqueiro.

— Depois de tudo, ainda querem me presentear?

— Não é só um presente para você, mas para a Felina também. — Cintilante já montou no Ventania. — Você vai gostar. Minha tia quer entregá-lo para você.

Os outros montaram no cavalo que saiu voando.

— Se sente melhor, Adora? — perguntou o cavalo, ao notar que sua amiga parecia distante.

— Um pouco.

— Vai ficar melhor ao ver o presente — disse o Ventania, voando mais rápido para chegar logo ao destino.

Ao chegarem em Lua Clara, Adora ficou surpresa ao ver o que parecia ser algo grande no pátio do palácio. O possível presente estava coberto por um pano rosa de seda. Todos desceram do Ventania e correram até a Rainha do Reino da Mágica, que abraçou a todos, mas reservou um abraço extra para a Adora.

— Fico tão feliz em vê-la de pé — disse a tia da Cintilante, enquanto a Rainha de Lua Clara se aproximava junto com Serena, Perfuma, Gélida, Netossa, Spinnerella e o Falcão do Mar.

— Por que eu vou ganhar um presente? — perguntou a loira, ao se soltar do abraço, e ver seus outros amigos cumprimentando-a com sorrisos. — Eu causei a morte de várias pessoas e quase destruí seu reino.

— Não era você naquele momento — respondeu a Rainha de Mágica, sorrindo. — Podem revelar o presente. Cada reino recebeu uma igual.

Adora ficou surpresa ao ver a imensa estátua de mármore branca com detalhes dourados. A estátua era dela e da Felina. As duas na estátua estavam abraçadas uma do lado da outra. Elas estavam sorrindo e Adora estava com a espada levantada, como se fosse se transformar na She-Ra.

Já com os olhos cheios de lágrimas, Adora foi puxada carinhosamente pela Cintilante para perto de uma placa dourada na base da estátua.

— Olha o que está escrito — pediu a Cintilante.

Uma homenagem a Felina, que mostrou para toda Etéria que o maior poder que existe é o do amor.

Nunca te esqueceremos.

Cintilante viu que sua amiga, mesmo com lágrimas pela face, parecia feliz.

— Felina descobriu no final de onde vinha o verdadeiro poder; que era das pessoas a sua volta, que te apoiam e que te amam. Você é a pessoa mais forte que ela já conheceu.

Adora fitou a estátua da Felina e sorriu.

— Eu sempre vou te amar.