Relendo Gabo

SEGUINDO às recomendações gerais, o homem estava meio isolado, só saía de casa para ir à farmácia e ao supermercado, havia deixado de fazera sua caminhada ao parque e tomar umas lapadas num boteco. Isso lhe abatia um pouco, mas sabia que era necessário. Todos tinham que fazer a sua parte no enfrentamento ao coronavírus.

Estava até aproveitando mais esse tempinho de isolamento para reler alguns romances, aqueles pelos quais era fascinado. Foi na velha estante e pegou "Cem Anos De Solidão", de Gabriel Garcia Márquez. Sentou-se na cadeira de baanço e leu o início:

"Muitos anos depois diante de um pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendia havia de recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara construída à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nomes para nominá-las. Se precisava apontar com um dedo".

Parou a leitura e ficou pensando em como era fascinante a época narrada naquele trecho do romance. Suspirou, na certa, pensou, as pessoas eram mais felizes. Fechou o livroe dormiu. E sonhou que estava em Macondo apontando paraas coisas ainda sem nome. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 16/03/2020
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