Querer incondicional

Um suspiro antes de tentar.

Dois passos a sua direção.

Dúvidas fervilhando na mente.

Uma só guerreira contra as dúvidas, Querer.

E tem há quem afirme não ser poder.

Servida de uma taça de vinho, tentei apresentar-me interessante. Acomodei-a ao balcão, pois, estas mãos são hábeis ao manuseio de míseros copos. E meu foco estava voltado ao sucesso.

O riso disfarçado, provocante.

O olhar de cima a baixo, algozes.

Movimento cauteloso, curioso.

A primeira palavra, desafiador.

Vencer! Nada mais. Nada de protótipo e aquecimento. Nunca gostei dessa divisão de classes, ainda mais quando as regras são universais. Etiquetas são meras informações que se desmaterializam a pragmática; débeis complicações ao fazer.

O desinteresse latejava, repulsivo.

O descaso eclodia, previsível.

O fugir transparecia, superior.

Decisivamente, brandi um olhar ao aparente contrário. Supus o nascer do apocalipse racional: o repúdio comunitário ao trocado por alguém preconizado inferior.

Uma única questão, desacreditado.

Posto a pensar por si só, balburdia.

O fermentado de uva, amigo exemplar, ameaçado em ser abandonado?! Inadmissível! O movimento involuntário de segurar o braço e a legenda de "já vai?", vitória.

O homem da noite, bagaço.

Clara Nuvens
Enviado por Clara Nuvens em 17/04/2020
Código do texto: T6920406
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