Despertar na primavera

Como um gracioso gesto mágico, as chuvas estrondosas de uma semana em meados de setembro cessam-se sobre o céu, prenunciando a chegada promissora da mais perfumada das estações, a primavera.

Esta estação é marcada pela inspiração provocada sobre o seu domínio magistral entre a beleza devotada de sua vegetação e o brilho intenso e provocante de um astro aclamado por todos, o sol.

Algumas semanas passaram-se e chegamos a outubro, especificamente no dia 11, data na qual eu nunca mais esquecerei em vida, pelo ocorrido dia em que a estação tornou-se parte da minha memória.

Neste dia uma cortina de astros naquele céu mostrava-se em vastas constelações com um brilho esplendoroso pronto a saudar o amanhecer, prestes a raiar.

O amanhecer tem a sua hora e o renascer da primavera é exalado em perfumes ao redor do meu lar que nesta época torna-se repleto e cercado por lindas rosas amarelas enfeitando gentilmente o meu jardim.

Os pássaros, esses diversos emitem agradáveis sons em tons agudos tão formosos em canto que me desperto em espanto do meu descanso.

Olho para um lado ainda em espanto e respiro em alivio.

Olho para o outro e aspiro livremente.

Levanto-me com cuidado, pois o meu amor repousa em seu leito, e este em minhas noites, dormes ao meu lado.

Ela vive e dorme com a leveza da inocência em sua maturidade.

Penso em acordá-la más a tenho em profundo descanso e resolvo deixá-la.

Em passos leves, caminho em direção a janela em meu quarto, mas decidi que esta será a ultima a ser aberta

Vejo-me então a correr para a sala onde abro a primeira janela para receber a irradiante luz do sol, onde brilhas em sua mais bela aparição, deixando para traz somente a lembrança das estrondosas semanas que se passaram.

Logo, largo-me em sorrisos apaixonado por um pensamento ocasionado pela inspiradora paisagem em que meus olhos fitam totalmente deslumbrados

Recebo com fulgor todo aquele calor aquecendo ainda mais a minha paixão por esta época em que vivemos.

Novamente vejo-me a correr, desta vez em sentido a varanda para poder sentir o vento com tamanha presteza e obedecer a todos os seus desejos.

Com os pulmões cheios de um puro e fresco ar em imediato volto-me para o quarto onde apanho as minhas vestes e sigo para o meu gentil jardim, que é pequeno em suas medidas, porem grandioso pela sua diversificação botânica.

Ao chegar, não consigo conter-me de emoção ao ver os botões das roseiras e outras flores já formadas e atentas ao desabrochar do seu sutil momento.

Meu coração motivado pela força da emoção palpitava acelerado incentivando-me a colhê-las para que eu as levasse a um arranjado vaso situado ao lado esquerdo do meu quarto sobre uma pequena mesa de madeira nobre, na qual o sol as visitara todas as manhãs.

Tomei-me em posição e as colhi!

Já em direção ao meu quarto com os botões em mãos, novamente apaixono-me por um momento.

Meu amor vive e dorme com a leveza da paz sobre o seu lençol livremente.

Seus belos traços transparecem para mim e é a mim a quem ela ama.

Sorridente, vejo-me a seguir em busca de mais algum detalhe para completar minha felicidade, e o encontro.

A um simples giro de uma manivela os violinos começam a solar e logo uma orquestra inteira o acompanha sobre a mais linda das melodias.

O romance agora esta completo.

Porem, sem que eu a veja ela levanta-se, e em suaves passos caminha pela varanda onde os ventos sopram suas vestes de pura seda os deixando assim tremularem como uma bandeira em seu mais alto mastro.

Seus cabelos soltos a brisa flutuavam como algodão sobre as nuvens do lindo céu que ali se formara.

E sobre o seu olhar, que de espanto torna-se ao ver-me alegre e solitário ao bailar sem um par, ela em minha direção começou a seguir maravilhada.

Tão descalça com passos ainda mais suaves sorria, pois já entendia o motivo da minha alegria e assim que sentiu o calor do sol reluzindo em sua pele clara e os cantos dos pássaros se afinarem aos imaginários gestos do maestro, lança-se em meus braços amando-me e declarando-se por uma vida simples e de muita paz que em sonhos seus realizam-se no clamor do seu despertar na primavera.