DE CAMPINAS, ELA: HILDA TAMBÉM DESENHISTA

Exposição "Revelando Hilda Hilst" no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, a face 'surrealista' da escritora - até março/2020: 15 desenhos e aquarelas e abre as comemorações dos 50 anos do museu. --- O jovem JURANDY VALENÇA, 21 anos, foi de ônibus desde Maceió a São Paulo, conhecer HILDA HILST (1930/2004), escritora-poeta-dramaturga, de quem lia há 4 anos - descobriu-lhe o telefone, ela exilada desde os anos 60 na "Casa do Sol", em Campinas, para as atividades literatas. Recebeu convite para visitá-la e firmaram tal amizade que em março/1991 (morou ali até 1994) o convite foi para ser seu assistente: oferta de casa-comida e tempo. Depois da morte dela, herdeiros o convidaram a dirigir o Instituto Hilda Hilst por dois anos. --- Falando ao telefone, ELA desenhava com esferográfica figuras antropomórficas, depois presenteava os amigos; num autorretrato, defecava flores e em outro de um cachimbo saem flores no lugar da fumaça. Ela completaria 100 anos em 21 de abril e ilustrara um de seus livros, "Da morte. Odes mínimas", 1980 - deixou mais de 150 desenhos e aquarelas, guardados no Centro de Documentação da Unicamp. --- Aquarelas, forte influência surrealista: abstratas, coloridas, cheias de seres híbridos, meio animais e meio vegetais (gostava muito da surrealista argentina LEONOR FINI, 1907/1996). A exposição traz ainda 24 fotografias inéditas feitas em diferentes momentos da vida da escritora, 1959-1990... e as primeiras edições de livros cujas capas foram assinadas por artistas como Tomie Ohtake, Millôr Fernandes e Jaguar. --- Foi fotografada já muito debilitada pelo tarimbado EDU SIMÕES em frente à famosa figueira da "Casa do Sol", 1999, rodeada pelos cachorros de que tanto gostava. --- Também a instalação sonora "Rede telefônica", a própria HILDA declamando 23 de seus poemas. Ainda os filmes "Hilda Hilst pede contato", de GABRIELA GREEB, tentativas da escritora de se comunicar com o além, e "Unicórnio", inspirado em 2 contos da escritora. --- Em programação paralela, atores nas leituras inclusive das peças "O visitante" (um personagem corcunda como alegoria que era o alto militarismo da época, antecipando diálogo com o momento atual) e "As aves da noite", escritas durante o regime militar.

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FONTE:

"Hilda Hilst é revelada em aquarelas e retratos inéditos", de Ruan de Sousa Gabriel - Rio, jornal O GLOBO, 31/1/20.

F I M

Rubemar Alves
Enviado por Rubemar Alves em 20/06/2020
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