INSÔNIA

Quatro horas da madrugada o sono parece desaparecer como fumaça levada pelo vento. Na verdade ela estava com insônia desde aquela crise de labirintite, às vezes se sentia como estivesse deitada de cabeça para baixo e isso lhe incomodava muito. No rolar de um lado para o outro na cama, surgiam seus pensamentos, sentia vontade de sair da cama, mas incomodaria os outros que moravam com ela, pois, a casa era pequena e a qualquer movimento todos se acordavam.

Então, revolveu continuar na cama com suas inquietações.

Lembrou-se daquele homem que um dia frequentara sua casa por alguns meses para se alimentar. De vez em quando arrumava uma encrenca sem motivo e sumia, não entendiam o porquê das suas palavras estúpidas, mas sempre voltava e era bem recebido por aquela família. Parecia uma boa pessoa, mas às vezes perdia o rumo e ficava de mau humor com palavras ásperas. Geralmente isso acontecia entre Tom e Alicia por ela ser mais falante do que os demais da casa.

Ela ficava revoltada, mas logo o perdoava e ele voltava a frequentar a casa. Sua família gostava dele, muitas vezes nem sabia o motivo porque ele se afastava.

Aquela madrugada estava cheia de ideias e pensamento que poderiam ser escritos, mas não foram para não atrapalhar o sono dos demais.

Alicia também se lembrou do choro da sua irmã naquela noite, o choro do domingo sem motivos aparentes. Pensou nos vídeos e a pesquisa que Eleonora fazia sobre a psiquiatria, Alicia achava estranha àquelas pesquisas.

Ao questiona-la pelo choro de domingo, já sabia por que ela tinha chorado aquela noite.

Ela havia se apaixonado pelo Tom e ele havia sumido, desta vez a encrenca foi com ela, mais uma vez sem motivo concreto. Eleonora estava sentindo sua falta e pensava nas dificuldades que por ventura ele estivesse passando. Sempre estava na expectativa de uma notícia dele, ás vezes olhava o portão com a esperança que ele chegasse.

Estava silenciosamente sem notícias.

Isso já tinha acontecido outras vezes e tanto Alicia quanto Eleonora sabia que ele poderia voltar a qualquer momento.

Foi tensa e inquietante aquela madrugada para Alicia, parecia que não amanhecia mais o dia e o cansaço de não poder sair da cama tomou-lhe conta até o amanhecer e adormeceu, acordando às nove horas da manhã sem mais história para escrever.

Marlene Rayo de Sol
Enviado por Marlene Rayo de Sol em 21/06/2020
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