Nuvens venusianas

Quando a madrugada chega, sinto que me comunico com o mais íntimo de mim mesma, os feixes de luzes da lua que sobre o telhado desajustado refletem sobre o espelho que está localizado no lado esquerdo da minha cama. O mesmo espelho que reflete minh'alma, onde a luz e a escuridão conversam entre si. Ao lado do abajur está o meu cigarro—apenas um cigarro.Acendo pedindo aos astros para esquecê-la como quem implora mais uma chance para viver.Meu desalento é nítido . Meu coração está se rompendo,cada pedacinho é como um cristal que acabara de quebrar.

No entanto,ainda acreditava no amor —mas ah!quem se apaixonaria por uma meretriz? o fato é que o amor correspondido não ficou para todos os seres, somente aqueles escolhidos a dedo por Deus. Ainda assim, rogo, imploro e peço um pouco de compaixão a divindade —quero me sentir amada!Da minha cama eu sinto o frescor do vento tocando delicadamente sobre a minha pele, é um sinal de Deus.O telefone está tocando sobre a escrivaninha velha e de súbito dou um pulo da cama na esperança que fosse ela, entretanto, o amor decidiu da sua forma mais cruel dilacerar o meu coração que ainda insiste em bater.

Desgraçadamente estou apaixonada, recordando o tempo em que passamos juntas sobre esta mesma cama que estou escrevendo agora, a mesma cama que ficou o seu cheiro de perfume francês.

Nuvens venusianas derramem sobre mim uma intensa chuva rosada de amor. — Diana, tem compaixão pela tua devota, eu imploro!.Faço uma pequena oferenda para a deusa, fecho a janela do quarto e deito delicadamente sobre a cama com uma única certeza; ela vai voltar.

Talles Medeiros
Enviado por Talles Medeiros em 04/08/2020
Reeditado em 04/08/2020
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