Retratos

Retratos, relatos, um tempo que se foi e não volta mais. Lembranças boas, de pés descalços, de calças dobradas até os joelhos e de risos de caras largas. Fotos de família: mamãe comigo no colo e vovó bem do lado, e eu de cabeça virada para o alto, mal prestando atenção para a câmera. Saudade dessa época, de festejos, de aniversários, de parabéns para você e de mesas lotadas de docinhos cuidadosamente preparados e de bolo com bastante glace e recheio de doce de leite com abacaxi, em volta de isso tudo, garrafas de tubaína. É pique, é pique, é pique. A alegria tomava conta do local, a luz elétrica apagada e a luz da vela acesa, uma só, bem pequenininha iluminava tudo, palmas empolgadas, e muitas bem tímidas.

No natal era a mesma coisa, só que tinha mais gente. Os tios de copos nas mãos riam desembestados. As tias de aventais na cintura e barrigas encostadas no fogão. Já as crianças corriam sem rumo, gritavam riam, brincavam, eram felizes. Quando dava meia-noite fogos de artificio, o céu todo iluminado, e felizes natais eram distribuídos, assim como presentes, abraços e desejos de felicidade.

Abri outro álbum, Logo no começo vi uma foto do meu pai, na mesma fotografia estavam meus irmãos e meu avô. Os quatro estavam se preparando para irem pescar; cada um segurando sua vara de pesca e uma lata lotada de minhocas.

Retratos, relatos. Muitas pessoas viraram lembranças. Vovô e vovó já estão mais aqui, as festas em família, aos finais de ano, já não existem mais. O que me resta é olhar esses retratos e relembrar com saudosismo esse tempo bom.

Fernando F Camargo
Enviado por Fernando F Camargo em 15/08/2020
Código do texto: T7036534
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