Oração contra o vício na ausência da crença

Quando eu tinha uns dez anos de idade, o Diabo colocou um cigarro nos meus lábios e um corotinho em minhas mãos, me ensinou a tragar e dar um "taio" na "marvada". Nesta época, eu frequentava o casticismo da igreja do meu vilarejo, e lembro-me perfeitamente, que enquanto eu estudava as lições de catequese, eu as fazia dando pequenos goles de pinga mesclados com pequenos tragos no cigarro.

Alguns anos se passaram e embora minha religiosidade tenha durado menos que a fumaça do primeiro trago da minha vida, eu sou eternamente grato ao embuste da religião que eu sustento, justamente por poder inclinar a minha canalhice de rezar todos os dias, implorando para Deus me ajudar a abandonar todos os tristes vícios da minha vida miserável. E embora Blaise Pascal tenha me ensinado que Deus virou as costas para a humanidade, eu reforço que me aproveito disso, e apenas rezo todos os dias para parar de fumar e de beber. Gostaria também de deixar claro que sou igualmente grato a Deus e ao Diabo pelas influencias que tiveram em minha vida.

E para arrematar, vou agora na birosca da esquina comprar fumo e pinga, pois acabo de dar o meu ultimo trago e digo também que odeio tanto as pessoas que fumam, que bebem e que rezam, pois eu mesmo não faço nenhumas dessas três coisas.

BILU
Enviado por BILU em 24/08/2020
Reeditado em 24/08/2020
Código do texto: T7044820
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