mais um conto da bailarina da caixinha de música

a bailarina não queria sair de casa naquele dia, se sentia feia.

o motivo pelo qual se achava feia, era algo próprio das bailarinas, ela estava com os pés feridos de tanto que dançara na noite em que ganhara sua caixinha

de música.

eles estavam machucados, com calos, impossibilitados de dançar.

ela ficou sentada na sacada de sua casa, olhando o jardim, que estava com boa parte do gramado coberto pela neve, apesar da neve era possível ver que ele era cheio de flores de todas as cores, sua mãe era apaixonada por flores, e o jardim da sua casa, era invejável.

ela estava segurando sua caixinha na mão, ouvindo a música e olhando a bonequinha dentro que vive a girar graciosamente.

sentira inveja da bailarina assim como os vizinhos sentiriam inveja do jardim da sua mãe.

ela ficou ali deitada, olhando para o céu cinzento que respingava vez ou outra flocos de neve, que batia em sua face e logo em seguida escorriam em forma de água.

ela ficou de pé e debruçou-se sob a sacada da varanda, e decidiu que queria descer, voltou para seu quarto, pegou um agasalho, vestiu-se, colocou um cachecol e luvas, e saiu correndo para o jardim.

ela estava descalça, e no instante em que pisou no chão, sentiu um forte arrepio e tremeu um pouco os lábios.

mas depois da sensação de frio imediato, ela percebeu que as dores nos pés estavam melhorando devido a dormência causada pelo gelo.

e ela ficou ali em pé, com o rosto para cima, desfrutando daquela neve fina que caia e que se entrelaçava aos seus fios de cabelo preto.

ela começou a girar com os braços abertos, e se sentia feliz naquele momento.

e ela girou tanto que ficou tonta e se jogou no chão, que era um misto de grama e neve.

ela gargalhou de felicidade.

seus pés não doiam naquele instante e ela não estava mais tomada pela sensação ruim que sentira no início do dia.

ela podia ouvir de longe, a música que saia da sua caixinha, que estava logo ali na varanda.

e ela sorriu pra si mesma.

pensou nele e em tudo que aconteceu de repente, se sentiu bela.

ouviu os gritos da mãe que mandara ela entrar antes de pegar um resfriado.

ela levantou, olhou mais um pouco pro céu, e sorriu como se agradecesse pela neve que a fez se sentir melhor.

saiu correndo, quando entrou em casa, foi direto para a varanda, pegou sua caixinha e entrou no quarto.

foi para o banheiro, ligou a água da banheira bem quente, e despiu-se.

banhava-se ao som da mais linda melodia que a fazia se sentir bela outra vez.

Viviane Heleno
Enviado por Viviane Heleno em 25/10/2007
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