O Porraloca que não conhecia Che Guevara

JANJÃO

Emílio estava naquele ano de 1982, cursando Medicina , na PUC Campinas. Veterano militava na Libelu, organização Trotskista , que mais tarde se dissolve e vai formar a Tendência Petista “O Trabalho”.

Apesar da atividade política e da disciplina do grupo de Emílio, nosso rapaz conhecia pouco da História recente do País, bem como da América Latina.

Participava das reuniões de estudo, da organização mais preocupado com as pernas de Alessandra a musa da turma daquele ano do que com os ensinamentos dos professores.

Emílio era aquilo que muito se denominava na época de “porra loca” ou tarefeiro, sujeito que era bom para executar missões, para puxar passeatas, pichações e outras ações consideradas revolucionárias no período. Mas se era competente para estas tarefas, carecia de instrumental teórico, para elaboração das estratégias do movimento estudantil. Era sempre o coadjuvante, nosso rapaz.

Quase nunca era lembrado para assumir cargos de importância, seja na corrente, seja no DCE (Diretório Central Acadêmico). Das direções fazia parte, mais para completar chapas ou porque amigo era dos chefões, ou designado para tarefas que a mufa (cérebro) não precisava funcionar.

Mas apesar da dificuldade de teorizar, Emílio fazia um baita sucesso com as garotas. E foi uma delas que apresentou um personagem que vai mudar a vida do estudante.

Salete era de uma outra organização Estudantil, igualmente Trotskista, a Convergência Socialista, hoje PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados). Muito bonita, Lete como era chamada pelos amigos, convidou Emílio para uma palestra que seria proferida na sede de sua organização.

O dia- 09 de outubro. O assunto da exposição: O revolucionário Ernesto Che Guevara. Por incrível que pareça, o nosso futuro médico , não sabia nada, do Argentino amigo de Fidel Castro.

O palestrante, um militante de meia idade, viveu a clandestinidade em Cuba Socialista. Lá aprendeu tudo sobre o Homem que fascina milhões de jovens há mais de 4 décadas.

O professor inicia a atividade, lembrando o que aquela data representava, para os Revolucionários do mundo todo. Foi em um 09 de outubro, no ano de 1967, que Che Guevara, foi assassinado pela ditadura Boliviana. Uma das muitas que se instalaram nas Américas nas décadas de 60 e 70.

Emílio se impressionava com o relato da trajetória do Che, entre nós. Principalmente a dedicação de Guevara a luta do povo, seu amor e fé na transformação da sociedade, no fim do Capitalismo e na construção de uma sociedade sem classes sociais.

Mas o que ficou na memória foi a Estória contada pelo Palestrante: “Diz a lenda, ninguém até hoje pode provar se é verdade ou mentira: Caminhava Che pela Sierra Maestra, palco da luta contra o regime ditatorial de Batista em Cuba. Carregava consigo, 2 mochilas: A primeira com medicamentos para primeiros socorros. Che era médico, embora exerceu muito pouco a profissão. A segunda, carregada de armas e munição. Em uma certa altura, se deparou com uma cerca de arame farpado e com as tropas do inimigo em seu calcanhar. Um dos companheiros fez a previsão de que para passar a cerca e ser rápidos na fuga, precisavam se livrar dos pesos que carregavam. Guevara não pestanejou e decidiu que o que ficava naquele momento é o que mais precisaria para seus propósitos: Os armamentos”.

Deste dia em diante, Emílio não só virou fã do Che, como se dedicou mais aos Estudos Teóricos da Política.

dialetico
Enviado por dialetico em 26/10/2007
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