O ÚLTIMO SORRISO DE LAILA

   Ena ollhou pela janela do pequeno apartamento e viu lá embaixo a pequena Laila que brincava com as coleguinhas do condomínio, sentia-se feliz com essa cena, era sua única filha de um casamento fracassado, moravam sós por enquanto, ela tinha em vista um namorado mas não pretendia trazê-lo para dentro do seu lar, temia comentários da família e dos vizinhos, nisso ela era consciente. Da janela observava a menina de seus oito anos, um doce de criança que vez ou outra olhava para cima e sorria para a mãe. Essa cena se repetia quase que diariamente nos momentos em que se encontrava em casa, pois trabalhava durante um período do dia enquanto Laila estava na escola.

   Certa manhã deixou a menina na escola e seguiu para o trabalho, retornaria às doze para buscá-la quando largasse. Antes dela sair a menina chamou-a e lhe dirigiu um sorriso infantil sem nada dizer. Ena apenas sorriu e foi embora.

   Nos dias seguintes nada mudou, passava a tarde nos afazeres domésticos enquanto a pequena Laila brincava próximo ao jardim do condomínio sob sua constante vigilância, vez ou outra ia até a janela e olhava, notou apenas que ela não mais lhe sorriu. Olhava para cima e apenas acenava para ela, o que lhe deixou com um certo pressentimento, mas procurou dissimular, no entanto nunca lhe saiu da mente aquele dia na escola quando Laila lhe chamou e sem dizer nada lhe sorriu. Foi seu último sorriso que até hoje ela procura o motivo e não acha.

  

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 16/11/2020
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