CONTOS DO TEATRO HUMANO - Carolina Josefa Leopoldina de Habsburgo-Lorena

Carolina Josefa Leopoldina de Habsburgo-Lorena

“Nossa mãe se foi, o que será de nós agora?”

Por Estêvão Zizzi

Apesar de ser retratada como uma mulher melancólica e humilhada com os escândalos e relações extraconjugais de D. Pedro I – representando-a como o elo frágil entre o triângulo amoroso –, a historiografia descoberta recente, prova que Leopoldina teve grande destaque na política brasileira. Até mais que os supostos heróis da pátria. Durante a vida, Leopoldina procurou formas de acabar com o trabalho escravo. Dona Leopoldina sempre foi ativa no que se diz respeito à abolição dos escravos, antes mesmo de existir um movimento formal dedicado à abolição dos escravos.

O primeiro contato de dona Leopoldina com os negros brasileiros foi ainda na Europa. No dia 14 de julho de 1815 ela escreveu ao pai que estava em Viena: – “Na primeira tarde fomos ver a mina Krainer; a irmã nos deu a alegria de mandar buscar uma família de negros que mora defronte a ela e pertence à criadagem do emissário português, acho-os muito amáveis e espirituosos e me dei muito bem com eles; nasceram no Brasil e fala sua língua materna, que soa esquisita”.

No Brasil, dona Leopoldina como imperatriz, vendeu inúmeras joias para comprar a alforria de escravos e junto a José Bonifácio sempre defendeu a libertação dos negros.

E assim, durante a vida, Leopoldina procurou formas de acabar com o trabalho escravo. Em uma tentativa de mudar o tipo de mão de obra no Brasil, a imperatriz incentivou a imigração europeia para o país. A vinda de Leopoldina para o Brasil fomentou o começo da imigração germânica para o país, primeiro vindo os suíços, se fixando no Rio de Janeiro e fundando a cidade de Nova Friburgo. Depois, a fim de povoar o sul brasileiro, a imperatriz incentivou a vinda dos alemães. A presença da imperatriz na América atraiu as atenções como forma de “propagandear” o Brasil entre o meio germânico.

Com sua morte, a popularidade de D. Pedro, aliado aos problemas do primeiro reinado, decaiu consideravelmente. O escritor e biógrafo de sua vida, Carlos H. Oberacker Jr., afirma que "raras vezes uma estrangeira foi tão querida e reconhecida por um povo como ela".

Os brasileiros nutriam grande respeito e admiração pela princesa austríaca desde os primeiros momentos em que pôs os pés no Brasil. Muito popular – visão essa ainda mais forte entre os mais pobres e escravos –, a partir do momento de sua morte começara a ser chamada de "mãe dos brasileiros". Petições foram elaboradas para que a princesa recebesse o título de o “Anjo tutelar deste nascente Império”.

Muitos escravos em apego a dona Leopoldina, gritavam pelas ruas no seu cortejo fúnebre: “Nossa mãe se foi, o que será de nós agora?”.

Fontes: 1 - REZZUTTI, Paulo. D.Leopoldina: A história não contada: a mulher que arquitetou a Independência do Brasil. Rio de Janeiro: LeYa, 2017. 432 p.

2 - "Casamento de d. Pedro"' Arquivado em 8 de maio de 2014, no Wayback Machine. in: "O Arquivo Nacional e a História Luso-Brasileira"

3- «Leopoldina, a mulher que declarou a independência e foi a primeira governante do Brasil». Guia do Litoral. Consultado em 7 de março de 2019

4 – idem

5 - Rezzutti, Paulo (2017). D. Leopoldina, a história não contada: A mulher que arquitetou a independência do Brasil. Brasil: Leya. pp. 327

6 - idem

Estêvão Zizzi
Enviado por Estêvão Zizzi em 03/02/2021
Reeditado em 23/06/2021
Código do texto: T7175713
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