O Passageiro

Quem hoje em dia carrega um livro no bolso? Questionou-se o senhor na fila do pão, logo atrás daquele sujeito peculiar. Mas não se referia a um caderno desses de “couro” preto que usávamos como agenda. Teria ele escapado da ambulância enquanto desacelerava no último sinal vermelho? Subitamente espreitou as primeiras palavras da capa do livro “o amor é um cão… algo de estranho não está certo, pensou por dois segundos antes de se lembrar que um há tipo de fetiche quanto a esse dito “amor”.

Após o sujeito peculiar realizar o seu pedido, caminhou até a mesa do canto onde se sentou e abriu uma página do livro, tendo uma visão panorâmica da rua onde podia acompanhar com os olhos, algumas senhoras caminhando com seus terços enrolados nas mãos enrugadas, rezar não só por suas próprias almas como também aquelas que já não subsistem entre nós mortais.

Seus olhos estavam voltados para uma página específica, foi quando seu pedido chegou, dois pães com queijo e manteiga ambos naturais produzidos na região, seus lábios magoados pelo frio se contrapunham com uma caneca de café espumante, era inverno naquela região e ele estava há muitos pés da serra.

Aquele senhor ainda se perguntava por quanto tempo mais se pode levar para ler uma ínfima página de algo tão simples quanto algumas vocábulos reunidos, a resposta para essa questão, porventura condiga pelo estado se que encontrava, páginas amareladas, anotações, dentre outras marcações do tempo, garimpado em um lugar místico onde pessoas buscavam histórias que compunham outras histórias.

Ph Vieira
Enviado por Ph Vieira em 24/03/2021
Reeditado em 24/03/2021
Código do texto: T7214485
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