Encontros II

Andava tentando localizar o banco da foto. Um miradouro com o horizonte de inúmeros matizes à sua frente. Dei-me conta que estavas caminhando na mesma direção, no mesmo compasso. Espaço tempo perfeitos. Sorrias.

Sentamos contemplando a vista. O ar oferecia profundidade e a Natureza pulsava a pleno: temperatura amena, vento fresco, o som do mar com um ritmo suave e a energia que advinha daquele ser que respirava ao meu lado inundava-me. Começamos a falar ao mesmo tempo e rimos. A partir daí iniciamos nossa via crucis trocando palavras entrecortadas por olhares que iam exibindo claramente o nosso desespero. Vivíamos em horizontes distantes, falávamos línguas diferentes, estávamos em estágios de vida nada parecidos. Mas a poesia que nos uniu até ali encurtava a distância, falávamos cada vez mais baixo, as lágrimas formavam-se vagarosamente em nossa alma.

Nossas mãos entrelaçaram-se, os corpos sentiram um arrepio inundado de energia. A fusão de corpos e lábios retirou as amarras das lágrimas. Beijo com sabor de dor. Saudade de algo que não iriamos viver. O mar agitava-se, o vento fazia teus cabelos gravarem na profundidade da minha história um aroma, pele e química perfeita.

Até hoje sinto-o invadir-me ao sentar naquele mesmo banco, relembrando uma emoção intensa que mudou o norte da minha vida. E ensinou-me que um sofrimento resignado pode ser tremendo propulsor de mudanças.

Fernando Antunes
Enviado por Fernando Antunes em 09/04/2021
Código do texto: T7227453
Classificação de conteúdo: seguro