Encontros IV

O mundo girava, Lisboa pulsava e na imensidão da Expo figurava desapercebido. A movimentação causa-me estranheza, fico descompassado com aquela frequência. Automóveis, pessoas, betão, consumo... não pertenço mais a este mundo! Mas tinha que estar ali e enfrentar o encontro.

Marcamos às 10h, caminhava devagar apesar de ter consciência do atraso. Estacionei longe, errei o caminho. Sinal do destino... fez-me respirar, focar no que aquele momento significava e perceber o quanto os últimos meses tinham sido marcantes.

Tudo aconteceu muito depressa enquanto continuava a caminhar devagar. Passou apressada, não via o carro, parecia confusa. Gritei, corri, o carro tentou travar, a puxei com o braço. Acordou! E fechou os olhos, apertava minha mão. Perguntei se estava bem e tive um olhar rápido em troca. Abraçou-me fortemente, quase cai para trás.

Não sei quantos segundos passaram para que começássemos a relaxar. Transparecia que apenas nossos pensamentos estavam unidos. Até perceber uma energia fundindo cada centímetro de nossos corpos, no compasso dos batimentos de corações agora leves. A senti respirando mais calmamente e deixou de tremer.

O tempo passou lentamente como o momento em que seu rosto moveu-se e os olhos encontraram os meus. Um sorriso foi iluminando aquele rosto, acreditei que só ali tinha-me reconhecido. Meus olhos, capturados por aquela luz, fizeram-me mergulhar de corpo e alma num lindo sorriso. Fechei os olhos...

Relembro a sensação de acordar e olhar o que tinha escrito ontem. Sonhos possíveis. Realidades tão distantes. O universo virtual propicia conexões... mas não podemos fazer nada sozinhos.

Ainda olho para aquela página...

Fernando Antunes
Enviado por Fernando Antunes em 28/04/2021
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