Armadilha

Eric do Vale

Duarte, com três dias de antecedência, avisou a esposa que teria plantão. Não havia como ela duvidar, porque, casados, á cinco anos, sabia perfeitamente que depois dela, a segunda paixão do marido era o trabalho.

Depois de sair da delegacia, no início da noite, Duarte passou pelo bar onde Peixoto, seu colega de expediente, estava:

-Vai uma geladinha? _ Perguntou Peixoto.

Ele bebeu um pouco e, depois, foi embora.

-Vai cedo, cara! _ Disse Peixoto.

Duarte não falou nada e Peixoto continuou:

-Nem precisa dizer, porque eu já sei.

-Depois, quero saber de tudo.

Dias atrás, Peixoto aproximou-se de Duarte e perguntou:

-Tem compromisso para hoje, a noite?

Peixoto notou que o colega o encarou de uma forma meio atravessada e falou:

-Não é nada disso que você está pensando.

-Eu não estou pensando nada.

-Conheci uma garota ... Um espetáculo!

Peixoto forneceu-lhe o contato da garota e disse:

-O nome dela é Dóris, você não vai se arrepender.

Duarte, minutos depois, enviou-lhe uma mensagem e logo, foi correspondido. Ficou acertado de que, dentro de três dias, eles iriam se encontrar.

Na direção do seu carro, Duarte estava certo de que, naquela hora, a esposa dele deveria estar na igreja ou assistindo a novela e pensou: “Mulheres... São todas iguais”.

Imaginou a noite de prazer que teria com Dóris constatando que aquela seria mais uma, dentre muitas outras, aventuras amorosas que teve; depois, tudo voltaria ao normal e ele chegaria em casa, onde a esposa o receberia perguntando:

-Como foi o dia, amor?

-Exaustivo.

Alguns metros de distância, Duarte telefonou para Dóris dizendo:

-Já cheguei.

-Eu estou na calçada.

Ele avistou uma mulher de mini short jeans, blusa top preta na calçada e pensou: “É ela!”. Aproximou-se, abriu a porta e ascendeu a luz para cumprimentá-la:

-Hortência? _ Perguntou Duarte.

-Germano!

Diante daquela situação, marido e mulher ficaram sem saber o que fazer.