O pai era um militar de alta patente e, muito se esmerou em dar ao único filho varão o que havia de melhor da cultura clássica. Infelizmente, cedo ficara viúvo e, sozinho tinha a árdua tarefa de educá-lo. Tanto que lhe colocou para estudar piano erudito, e ainda, o levava para recitais e óperas. O tempo passou, o menino cresceu e, se transformou em rapaz refinado e culto. Que em verdade, passou a se interessar mais pela cultura popular. Composta pelas mais variadas formas de expressões artísticas, como o samba, pagode, funk, rap, forró e, tantos outros tipos musicais igualmente ricos para a cultura humana. O pai, com envelhecimento, que era uma pessoa rígida com relação aos padrões aceitáveis (ditos civilizados) de cultura e educação, envelhecera severamente. E, sofria progressivamente da síndrome de Alzheimer. É triste, perceber que tão patologia debilitante da memória, veio em boa hora, pois foi arrefecendo a eventual rejeição pelas preferências de seu filho, que se formara jornalista e, então, enfatizava constantemente a importância da cultura popular. Enfim, o ferro de antes, tinha que ser guardado. Era tempo de flexibilização, que talvez não ocorresse, se não fosse pela síndrome do pai. Os conhecidos e parentes ficavam entristecidos em ver definhar a memória do velho pai. Mas, por outro lado, ficavam felizes e, identificar tanto afeto e o carinho tão presentes na relação entre pai e filho. O pai tornara-se, então, o “filho” e, doravante, o protetor. Ao passo que, o filho tornara-se o “pai” mostrando firme amparo necessário para idoso. Às vezes, a inversão de papéis revela-se salutar para todos. É velha estória, há males que vem para o bem...
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 04/06/2021
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