O Filho do Demônio

Ao findar da tarde de domingo, Isaura saíra para passear à beira do lago. A jovem moça de 16 anos era filha do coronel Leopoldo, rico fazendeiro do sertão goiano.

Isaura caminhava na areia com os pés desnudos e suavemente cantava uma canção. Sua voz angelical e harmoniosa misturave-se ao cantar doce dos pássaros. Moça de princípios, dedicada a família e muito educada, Isaura chamava a atenção e era cobiçada pela maioria dos homens da região. Porém, seu pai, não a deixava namorar, pois não havia ainda, escolhido o pretendente perfeito.

A moça esperava que seu pai desistisse da idéia de conseguir-lhe um pretendente e sonhava com o seu príncipe encantado.

Naquela tarde, à beira do lago, enquanto Isaura caminhava, apareceu um rapaz um tanto educado e muito bonito. Isaura caminhou timidamente ao encontro do jovem que a havia conquistado com um simples olhar. Ela, ao se aproximar do rapaz, notou em teu semblante uma amargura muito profunda, a tristeza em seu olhar era mais que dolorosa. A jovem Isaura continou a caminhar até que estivesse diante do rapaz. Ali conversaram e se apaixonaram um pelo outro. Acontece que era um amor proíbido, o jovem rapaz era muito pobre e não tinha condições de comprar o dote da belíssima Isaura.

Por muitos dias o casal se encontrou em segredo às margens do lago. Isaura sempre vistosa, muito bem vestida e muito bonita. o Jovem forasteiro, com seu chapéu de pelíca e seu paletó de estopa... Porém a alegria do casal durou muito pouco. Um dos capangas do pai de Isaura viu os dois jovens se beijando e correu a contar ao patrão.

O pai de Isaura quando soube, ficou atordoado com a notícia, mandou chamar a jovem e trancou-a em um quarto da grande mansão.

Por dias o jovem apaixonado vinha à beira do lago para encontrar sua amada, porém, sempre em vão. Ele já estava a ponto de desistir do teu amor pela jovenzinha. Então resouveu gravar no tronco de uma árvore, a sua verdadeira história.

Isaura conseguiu, naquele dia, fugir de sua prisão. E como não podia ser diferente, foi correndo ao lago encontrar o teu amado. Quando chegou no lago o rapaz já havia ido embora para não mais voltar. A moça encontrou na árvore as palavras do teu amado. Leu uma breve introdução e se pôs a chorar profundamente, continuou lendo e se emocionando a cada vez mais.

Dizia o rapaz:

- Meu coração havera de nascer para sofrer tanto?

- O rio que acompahei por tantos anos, agora sei qual é!

- É o rio de lágrimas dos meus olhos.

- Você, Isaura, troxe a mim uma alegria que jamais havia sentido, agora, que você me deixou, a mim não resta outra alternativa, se não acabar com o sofrimento. Sei que não posso ter você como minha esposa e sei que sem você não posso viver, acabo aqui com minha vida, deixarei entre os espinhos da roseira, um anel que comprei pra você. Espero que um dia possa encontrar este anel e descobrir o meu mais profundo segredo.

Isaura mais que depressa, enfiou-se por entre as roseiras, procurando desesperadamente o anel. Nada! Tua busca fora em vão.

Ainda gravado na árvore, e que Isaura não leu, pois estava muito anciosa para encontrar o anel, havia uma maldição lançada pelo seu grande amor.

O rapaz dizia em rimas:

Nasceste breve um amor,

Causando alegria e dor.

Moreste breve um sonho,

Num peito amargo e tristonho.

Um dia, tú, uma noiva serás,

E este amor então reviverás.

Trarás ao peito teu sentimento tristonho,

Trarás ao ventre teu, "O FILHO DO DEMÔNIO"!

(...)

Euzebio Alves
Enviado por Euzebio Alves em 18/11/2005
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