SEM PRESSA

Sentia tanta pressa! Enrolava os cabelos e passava batom.

Saía descalça para comprar no armazém da frente de casa miçangas e farinha de trigo para o bolo.

Sempre atravessando correndo, como se o mundo fosse um segundo e à tarde já anoitecesse. Profundo medo de não viver. E viveria?

Aproveitava a água e deixava as costas molhadas. Segurava o relógio e seguia como um raio.

Sentia tanta pressa! Foi comprar o cartão de Natal – restava algum tempo, e uma cartinha... O endereço era desconhecido. Voltou.

A pressa acabou.

Passa o secador nos cabelos, rapidamente. Pinta as unhas durante a madrugada, escutando o canto de um pássaro em cima dos fios.

Faz o colar aos poucos: todo o dia costura Sol e Lua.

Quando entra no Mar, enche-se de conchas...

e caminha sem pressa de lugar algum.

Verônica Aroucha

Verônica Aroucha
Enviado por Verônica Aroucha em 09/11/2007
Código do texto: T730175
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