A CIRURGIA

CIRURGIA PARA NÃO ESQUECER NUNCA MAIS

...Ó dona, fica tranquila... é coisa de nada, nem precisa anestesia... dói mesmo não... (perguntou) – não, não mesmo!! - Olhou ao redor e viu que não tinha jeito. Dois policiais guardando a entrada, dois velhos de corrupções e tais, e uma ou outra testemunha da hora e de fatos anteriores da vida corrida da dona e dos comparsas, a espera do inevitável – a cirurgia de dois minutos, apenas um corte com bisturi ciruugico n0 22 no tendão ou nervo exato e estaria tudo justiçado. Assim se fez, a começar pela dona, que sendo a primeira e sabendo que mesmo rápida, a cirurgia não haveria mais jeito, e que não pelas lágrimas, na verdade nunca as teve, apenas insinuação de disfarce para atrair vítimas para seus planos de falcatruas, as mais até hediondas, talves voces não imaginassem – ei... ei... - deixa eu tomar um gole, aqui... - ah, a cachacinha... olhou para seu amigo e perguntou – acho que pode. A dona tomou metade da cachaça... parecia que desta vez, iria chorar de verdade

Não deu tempo, tão delicado e sútil, Marcos fez o corte perfeito e milimétrico, assessorado por Wilian, aprendera em livro proibido de uma guerra ancestral da China ou Japão, o livro extenso já não tinha capa e foi ao que parece comprado em um sebo do centro do RJ, que já nem existia... comprado ou talves mesmo, roubado. Pronto! Viu... não disse que não doía!! Se quiser.. abre outra garrafa... Posso... (sorriu prazeteiro, Marcos) - Ã vontade! - A fila segue.. Fechou a cara, a dona tomando da amarga, e nem olhava pro corte tão sútil e delicadamente f eito na perna esquerda e no nervo exato... apenas dois centimetros, tinha de deixar cicatrizar sozinho. Marcos e Wilian auxiliaram para não infeccionar. Logo, em cerca de duas horas as cirurgias sucediam, durando no máximo 5 minutos por às vezes alguma relutância que logo terminava sob olhares severos dos policiais, desta vez tomando conta da porta e de como entravam os cerca de 20 ou mais a serem ciruugiados. Pronto!! Meia noite e dois minutos! - tudo tinha terminado, sem dor nenhuma, e em uma semana, a comunidade via hora aqui, hora ali, todos eles com uma das pernas atrofiadas – aleijadas como se diz popularmente.... e dizem: conseguiram ainda um benefício do governo, por serem agora deficientes, assim considerados. Enfim, a cirurgia, melhor cogitação de castigo para aqueles praticantes de atos tão condenáveis e gratuitos, tinha o efeito mais visível à comunidade que tanto desgraçaram décadas após décadas. Ao contrário dos impulsos primeiros, após um ato extremo, que achavam, a maioria – deveriam ser mortos, Marcos viu que matá-los (las) seria como uma libertação, se entendem... nada melhor que aleijar estupradores, mantenedores de planos criminosos vários, vivendo confortavelmente e sorridentes, sempre prontos a manter alguém em erro. A comunidade agora tinha visível a seus olhos, o seu trunfo diariamente e sem dor alguma. 20 ou mais irremediavelmente aleijados, até o fim de seus dias e recebendo proventos do governo. Melhor que isso, só se for....

WANDERLEI

meados de 2010