Trinta anos.
Mesma rotina.
O faroleiro, em seus aposentos rústicos, enrola um cigarro de palha, lambe os lábios e observa a vasta plantação de girassóis.
Usa teu telescópio passeando entre a plantação sentindo o cheiro e o vento.
Cantarola uma canção antiga e pensa no amor.
De sua mãe, seus irmãos e no amor proibido.
A família fora aliciada pelo "gato", um capataz da fazenda, como rendeiros.
Eles foram para a fazenda cheio de promessas do dinheiro que iriam receber, entretanto, assim que chegaram lá eles não tinham mais a opção de desistência.
Caso tentassem fugir, eram ameaçados de morte e tortura. 
Aos vinte anos explodiu em seu coração a paixão avassaladora, pelo amigo de cavalgadas pelos arredores da casa grande.
Pouco sabia que muitos tinham se aniquilado por tal sentimento.
Enforcados, mortos em emboscadas.
 Um ano de paixão e a perda do amigo o fez arriscar uma fuga.
Foram três dias em meio da mata até conseguir chegar a alguém que o levasse até a cidade mais perto. 
Após um ano de mendicância conseguiu tirar novos documentos e assim procurar um trabalho.
Trabalhando nas docas aprendeu o oficio de reparação em pequenas embarcações.
Aprendeu ofício Faroleiro.
 Muitas vezes reduzido ao de zelador, ou mantenedor de um Farol.
Tornou-se faroleiro do próprio destino.
Destino, que após tanto tempo sozinho, lhe prega uma peça e tanto.
Um dia sem sono ele permaneceu no farol contemplando o céu numa maresia suave e refrescante.
De manhã quando retornou a sua casa, deparou com vários fugitivos da escravidão, comovido ao ver os rostos com cicatrizes de sofrimento, os acolheu.
Lembrando do maltrato que recebera na fazenda, sua angustia na fuga providenciou comida e agasalhos.
Ficou sabendo que a plantação de girassóis era uma rota para fugitivos, que nadavam alguns metros e chegavam ao farol.
Com sua ajuda conseguiam transporte para Bahamas, Haiti ou Cuba, ficou combinado que um dos escravos permaneceria na casa do faroleiro para ajudar os demais que viessem.
Assim nasceu uma amizade entre eles e depois um amor sereno de uma compaixão calma por tudo que lhe fora tirado.
 
Fim
 
 
 
elaenesuzete
Enviado por elaenesuzete em 28/08/2021
Código do texto: T7330123
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