Caminhei por aquele trecho várias vezes...alguns pensavam que se tratava de uma louca que vagueava sem rumo certo.
No entanto dentro de mim era latente a procura de respostas para tal fatalidade...foi em meados da primavera que ele saiu para comprar um doce ...andou tão ligeiro que nem esperou que eu o acompanhasse...no dobrar da esquina eu não o vi...entrei na mercearia e procurei... chamei pelo seu nome diversas vezes... uso esse nome fatalidade, porquê de tanto ouvir como consolo aquietei-me um pouco, mas, fatalidade dói demais minha amiga.
Meu marido de início achou que fosse alguma presepada do moleque, que aguardássemos pelo menos mais um dia.
Não suportando tanta aflição fui procurar a polícia, disseram o mesmo, que aguardasse vinte e quatro horas.
Que se tornaram trinta dias sem notícias.
Nesse ínterim fui acusada de negligencia, caráter duvidoso, assassina...
Entrei num processo de depressão profundo e me internaram num manicômio.
Um dia recebi a visita de uma Sargento de nome Lira, trouxe notícias de meu marido que havia vendido nossa casa e sobre meu filho, que as buscas terminaram.
Dois anos internada e tive alta, única pessoa que poderia procurar seria a Sargento Lira, acolheu-me e pude assim ajuda-la também me afeiçoando a sua querida filhinha de oito anos Flor.
Fui melhorando e dedicando aos afazeres domésticos facilitando assim o trabalho árduo de Lira, que cada dia que passava sentíamo-nos como uma família de verdade.
Falávamos sobre Felipe como se ele estivesse estudando fora do país.
Minha inquietude estava sob controle de uma força interior que dava esperanças de um dia encontra-lo.
No aniversário de doze anos de Flor conheci o Cabo Luís, nesse momento Lira já namorava o Segundo Sargento Clóvis.
Em três anos fizemos uma bela festa de casamento a quatro, juntamente com o baile de nossa querida Flor.
Nossa rotina pouco mudou, me mudei para o apartamento do lado e assim Flor ficava comigo como sempre.
Depois de um ano resolvi que teria que ser mais forte e ir atrás de respostas.
Dos cartazes que foram distribuídos e colados não havia resquício algum.
Com ajuda de Luís entrei numa academia para aprender autodefesa, estudei para passar no concurso da mesma corporação que eles.
Levei dois anos para conseguir e brincávamos que éramos os cavalheiros do apocalipse.
Assim me vi engajada na jornada pela busca do meu filho.
Em meus dias de folga percorri becos sombrios encontrando muitos Felipe (s) e Flor (es) drogados e abandonados com suas latas de cola de sapateiro.
Nos morros mães silenciosas vendo seus filhos portarem fuzis ou suas meninas desfilando suas barrigas prenhas sob o som escandalosamente alto e pejorativo.
As escolas vandalizadas e ameaçadas por gangues.
Certo dia tive um sonho que deparei com uma organização que se intitulava: Fantasmas.
Sitiada numa pequena aldeia ao sul do país, parecendo um reino.
Florestas ao redor, rios, e uma fauna exuberante.
Sou uma agricultora aproximei do reino, incrédula percebi que era basicamente composto por duas camadas sociais as marmotas e os polvos milhares e milhares de marmotas encontravam-se em tocas hibernando seus sonhos de liberdade do vício.
Eram jovens marmotas com jeito engraçado de andar e sorrir planavam sob o chão de nuvens criadas por seus delírios
Não conseguiam manter uma vigilância constante contra as aves de rapina tornando-se presas fáceis aos 8 anos de idade sem estudos e afeições as marmotas perambulavam nas tocas da desesperança.
Os polvos com sua capacidade de largar tinta mudando de cores viviam em luxuosas mansões a beira-mar com autonomia de seus oito braços, fortes ventosas que asseguram a submissão das vítimas.
Fortalecidos por fóruns anualmente registram estratégias de ataques ás marmotas:
Forçando-as a procriarem criando assim o procedimento de retroalimentação no sistema social econômico.
Fui designada rainha sem cetro e coroa, ordenei que todos os elefantes brancos fossem destruídos.
Adentrei nas tocas e cada marmota foi acariciada com um leve toque de mãos que exalava o perfume do afeto.
Sem exércitos pacificadores busquei no instinto maternal a arma mais poderosa contra os polvos criando um anzol com requintes de justiça e moralidade.
Anos a fio a caça aos polvos seguiram-se, vários anzóis foram manipulados e enfraquecidos, entretanto minha determinação de rainha era tamanha que lancei mão de um poderoso artificio: a delação premiada.
Foi assim que espalhamos dentre os morros e casas noturnas a foto de Felipe atualizada por computador o perfil de um rapaz de 18 anos.
Durante um ano fui procurada por vários informantes e as pistas não tinham sucesso, até que o jovem Antonioni apareceu dizendo que reconhecia o garoto da foto.
Começou fazendo um relato de como fora sequestrado quando tinha 11 anos, que ficara numa casa por dois dias e depois embarcou num avião que demorou muito para aterrissar, ninguém lhe dizia nada e parecia que estava sonolento o tempo todo.
Chegou em uma cidade litorânea e pegaram em seguida uma lancha, que os levou até uma mansão situada em uma ilha.
Foi recebido por um senhor muito distinto que pediu ao mordomo que providenciasse meus aposentos.
Fiquei por 3 dias sem comunicação com ninguém, me era servido as refeições no quarto, que não tinha televisão nem radio, somente livros.
Conexão direta com seu espírito. Conhecimento da própria herança. O Retrato de Dorian Gray. A Arte de Produzir Efeito sem Causa.
Após os três dias fui convidado para descer até o salão onde teria uma festa. Vestido de terno desci e deparei com vários jovens como eu no salão. Foram chegando os convidados.
Alguns casais muito bonitos, mas a maioria eram homens muito alinhados.
Houve uma curta apresentação de uma peça teatral intitulada “Nó!s”.
Serviram drinques e começaram a nos chamar para dançar.
Após um tempo uns jovens subiam acompanhados.
Fui chamado para dançar por uma mulher linda que cochichou em meus ouvidos que gostaria de ficar a noite inteira comigo oferecendo um drinque de morangos.
Só fui acordar na metade do outro dia e não lembrava de nada que havia acontecido.
Tentei encontrar os outros jovens para conversar e saber o que realmente acontecia naquele lugar não os encontrava em lugar algum. Apenas via-os no salão.
Depois de um mês vim a ter acesso a eles numa piscina imensa onde todos estavam confortáveis e brincando de vôlei.
Onde encontrei o Felipe que muito descontraído contou-me o que realmente acontecia.
Éramos os meninos de ouro.
Disse-me que neste primeiro mês eu ficaria com mulheres, mas depois seria disputado por homens essa era a norma da casa, para que nos ambientássemos com o ritmo de festas e sexos.
Porém não desfrutava de nada porque sempre me drogavam antes de ir para a cama.
Curiosa perguntei como ele conseguiu sair?
Se procurou a família?
Mostrando uma certidão de casamento com Sir Sigmund percebi que estava casado há seis anos.
Quanto a família ele não tem nenhuma recordação que possa vir a ser uma pista.
Alegando que toda a leitura que fizeram apenas focava em ser independente e conhecer a si próprio.
Não esperei o resto do relato com suas informações nos preparamos para uma busca.
Chamamos a operação de Ouro.
Seis eternos meses de planejamento.
As investigações contaram com a cooperação da Interpol, em Roma, que encaminhou informações obtidas pela Unidade de Crimes Cibernéticos.
Optamos pela tática CBQ (combate rápido em ambientes fechados) resultando no resgate de 27 jovens, 38 funcionários, Lyutsifer (Lucifer) e Хризантема (Khrizantema).
Tive que conter minha inquietude perante ao Felipe que assustado perguntava em quatro idiomas, “o que está acontecendo”?
Os meses seguintes foram de muita cautela e ajuda psicológica, minha alegria só era vista a noite debaixo dos lençóis entre cochichos com meu querido companheiro de luta Luís.
Duas décadas se passaram até restabelecermos nossos laços fraternos.

Fim
elaenesuzete
Enviado por elaenesuzete em 28/08/2021
Código do texto: T7330128
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